sexta-feira, 29 de maio de 2009

Baixa auto-estima

"Às vezes é muito difícil fazer as pessoas rir. Principalmente para quem, como eu, é muito inseguro. Sempre acho que os diretores vão me demitir."
Acreditem ou não, foi a famosa atriz espanhola Penélope Cruz quem falou isso. Está na Revista Veja do dia 27 de maio.
Celebridade ou não, muita gente compartilha desse sombrio estado de insegurança. E a insegurança paralisa, congela o movimento, diminui quem quer crescer.
Ainda bem que inventaram os antônimos nessa vida: para baixa auto-estima, alta auto-estima; para insegurança, segurança; para fraqueza, força.
Eu sei que não é tão simples assim. Mas só de enxergar uma perspectiva de contraposição já se abre algum caminho, alguma janela para tomar ar e apreciar uma nova paisagem.
Transformar é possível. Só resta acreditar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Amor virtual


Passando ontem em uma livraria para comprar um presente, vi um livrinho que me chamou a atenção: a capa toda vermelha e o título: "eu@teamo.com.br - O amor nos tempos da internet". Folheando, vi que trata-se da história real entre uma escritora e um publicitário que começaram a trocar e-mails , se apaixonaram e acabaram no altar.
O livro (que acabei comprando, é claro) é simplesmente a reprodução, na íntegra, de todas as mensagens enviadas pelos dois - Leticia Wierzchowskie e Marcelo Pires, e foi dado de lembrança aos convidados no casamento.
Para quem ainda não encontrou o amor e já cansou de procurar em tempo real, está aí uma prova (de amor) de que ele também acontece pelo dedilhar acelerado, mouse em prontidão, pontos de reticência e exclamação. Que bom que ele acontece.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Menino pede socorro

Não é preciso ser Freud para explicar o quanto a infância deixa marcas significativas - muitas delas indeléveis - na nossa vida. Se você olhar para trás, o que vai ver? (...)Eu vejo alegria, brincadeiras, paparico de pai e mãe, briga com o irmão, colo de vó, escola, amigos, brigadeiro, boneca, patins...
Enquanto você pensa na sua infância, UM MENINO PEDE SOCORRO. Ao invés de afeto, recebe maus tratos da mãe: agressões físicas, privação de alimentos, castigo no quarto trancado. Sua idade é de 11 anos mas o peso é de uma criança de 7. Os pais são separados. O pai detinha a guarda provisória do filho, mas a decisão de um desembargador devolveu-a para a mãe, apesar da recomendação de psicólogos e assistentes sociais de que o filho NÃO ficasse com a mãe. O juiz ouviu a criança, que deixou claro seu desejo de ficar com o pai.
No último dia 26 de março, o Jornal Estado de Minas publicou a seguinte matéria: "Modelo russa invade escola no Belvedere". A mãe do menino, acompanhada de policiais e oficiais de justiça, foi retomar a guarda do filho. Tirou a criança no meio da aula e levou-a com ela. Enquanto o táxi arrancava, podia-se ouvir os gritos do menino pedindo por socorro.
Diante do sofrimento desta criança, foi criado um blog: http://meninopedesocorro.wordpress.com.
Acessar este endereço é acessar a dor e a injustiça que sofre esta criança, numa tentativa esperançosa de que as pessoas, a imprensa e o direito se mobilizem para mudar esta situação absurda e pungente.
O menino pede socorro, pede ajuda, pede de volta a sua infância.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cordão Umbilical


Este post foi "encomendado"pela minha querida amiga Vanice Guedes, às voltas com algumas reflexões sobre o apego.
Convite: volte alguns anos no tempo e busque visualizar o momento do seu nascimento. Você não vai se lembrar, mas é certo que chorou quando saiu da barriga da sua mãe. O corte do cordão umbilical representou a pimeira grande separação da sua vida.
De lá pra cá vieram outras perdas: a mamadeira, o bico, as fraldas, os dentes de leite. Provavelmente você também mudou de escola, de casa, de namorado e emprego.
E hoje pode estar às voltas com velhos papéis, velhos hábitos, gavetas lotadas, relações que precisam ser cortadas.
Desapegar dói. Às vezes cura. Mas não deixa de ser um processo de mudança e, como toda mudança, traz dor, crescimento e um frio enorme na barriga.
Comecei falando de nascimento e é inevitável que termine falando na morte. Nesse corte pungente que rasga a alma (isso quando não leva um pedaço grande dela) e sangra até causar hemorragia.
Perder uma pessoa querida, principalmente quando a perda é abrupta, tira o chão da gente. E aí não há filosofia no mundo que compreenda o grande vazio visceral que fica.
Há de chorar. Há de viver o luto. Há de aprender a desapegar da voz, do encontro, do colo e de tudo que é de carne e osso. Mas também há de sobre-viver - viver sobre essa dor aguda que não para de doer.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Danoninho

Foi com alegria que ouvi hoje da minha massagista, especializada em leitura corporal, a seguinte frase: "Você tem uma criança bem viva aí dentro de você... Uma criança com os olhos brilhando, sorriso espontâneo, que parece querer dizer a toda hora: ´Oba!!!".
É assim que eu me sinto, apesar de já não ser mais a marreca (apelido carinhoso da querida vizinha Maria José) que batia na porta dessa mesma vizinha com um sorriso sapeca, sacola aberta e a pergunta cheia de graça e espontaneidade : "Oi! Tem Danoninho?".
A "marreca" cresceu, ficou mais séria e certinha, fez nascer seus marrequinhos, trocou o Danoninho por Yakult, passou da roda gigante pra roda da vida, mas onde vai leva no colo a criança que foi um dia.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

"Sinto, logo existo."


Segunda-feira, 18 de maio, foi o Dia da Luta Antimanicomial. Vi na faculdade um cartaz que me chamou a atenção pela beleza do mote criado: "Sinto, logo existo."
Seja o sentimento falado, mudo, louco ou aprisionado, ele dá sentido a toda uma existência.
Para pensar e arejar a alma:
*Por que será que é tão difícil falar dos sentimentos?
*Por que tanta gente prefere banalizar o que vem de dentro?
*Por que imobilizar com camisa de força o que foi feito para fluir?
*Por que passar tetra-chave na emoção?
Sentir é causa de existir.
Como você se sente?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Muito prazer

No final de semana assisti a um delicioso filme de Woody Allen, exibido recentemente nos cinemas: Vicky Cristina Barcelona.
Por duas horas de riso e pipoca "visitei", encantada, essa cidade maravilhosa que é Barcelona. Apaixonante, indescritível, absolutamente convidativa...
O filme chama atenção pela forma como aborda o prazer. Não só o prazer que vem do desejo, da pele e da química perfeita, mas que também provoca novos pensamentos e instiga a mudança, seja ela escancarada ou apenas interiorizada.
Vicky Cristina Barcelona também poderia se chamar "Carpe Diem". Chega a ser engraçada a forma "séria" como o sedutor ator Javier Bardem chega até a mesa onde estão jantando duas mulheres até então desconhecidas (Vicky e Cristina) e diz sem nenhum rodeio: "Vamos pegar um avião até Oviedo e fazer amor, nós três".
Simples assim.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Eu não consigo!..."

Tenho ouvido, estarrecida, o depoimento de pais e profissionais da área de psicologia sobre uma nova pressão: a pressão da alfabetização. Está cada vez mais comum algumas escolas quererem que seus pequenos alunos leiam cada vez mais cedo.
Pra quê? Qual a fundamentação pedagógica para que uma criança de 3, 4, 5 anos saiba ler e escrever? Para massagear o ego da escola e aguçar a vaidade dos pais?
E a criança, como fica nessa história? Pressionada. Desmotivada. E o que é mais grave: com a auto-estima baixa.
Sei de crianças que, diante de um outdoor ou manchete de jornal, começaram a repetir várias vezes a frase: "EU NÃO CONSIGO!... EU NÃO CONSIGO LER, PAPAI!"
Sei de escolas que se orgulham de preparar verdadeiros "vestibulinhos" para receber seus pequenos grandes gênios.
Ler e escrever precisa ser um processo natural, sem data e hora marcada para acontecer. Neste processo, AUTO-ESTIMA é palavra das mais importantes.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Hábito

Quem conhece o amor sabe o que é viver a alegria e tranquilidade do hábito.
Hábito que habita o bom dia, as escovas de dente, o doce ruído dos talheres à mesa, a roupa de cama, o beijo de despedida.
Quem conhece o amor sabe o que é viver o hábito da torcida, do cuidado, dos projetos tão em comum. Hábito que habita os porquês do filho, o chorinho da filha, o abraço cheio de energia ao final de um dia cheio de trabalho.
Quem conhece o amor sabe o que é viver o hábito dos domingos de sol ou de chuva, quando o melhor programa é estar simplesmente junto, não importa onde.
Quanto mais cresce o amor, mais a gente se acostuma com o outro: pernas entrelaçadas para dormir, mensagens de boa viagem, boas risadas à hora do jantar, porto seguro que torna mais leve os assuntos pesados.
Mas o amor se assusta qundo se habitua à rispidez dos desencontros, aos rótulos que são pregados, às palavras que são colocadas na boca.
Se deixar, o amor se habitua à falta de conversa, ao bom dia atravessado, ao carinho atropelado, à autoridade surda. (Será que o amor se acostuma?)
O leve fica pesado, o pequeno fica grande, o domingo vira segunda, a ponte vira abismo, o amor vira dor.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

TPM

Um dia desses ouvi da minha querida massagista, Júnia Alves, um novo significado para a sigla da famosa Tensão Pré-Menstrual : "Tempo Para Mim".
Acho que ela tem toda razão. Antigamente, a menstruação era quase um fenômeno: as mulheres nem saíam de casa, ficavam mais quietas se preservando, guardando energia... (Contei isso pro meu marido e ele disse que "elas deviam ficar enjauladas", tive que ouvi isso...)
Mas a verdade é que TPM existe, não é filme de ficcção, e acho que realmente as mulheres precisam de um tempo para elas nesse período tão tenso e delicado...
O problema é que tem mulher que acha que tem que ser "mulher maravilha": eu mesma me peguei um dia, com os hormônios à flor da pele, achando que tinha que fazer supermercado em plena sexta-feira à noite, com o maridão e os meninos a tiracolo. Apesar de amar fazer supermercado (sei que isso é raridade, mas pra mim é um pouco terapia...), cheguei em casa esbudegada, sem força nas pernas e um pingo de paciência. Tudo o que eu queria era virar um eremita e ficar sozinha, quietinha no alto de uma montanha, ouvindo só o silêncio.
Se você é mulher e já passou por isso, está feito o convite: transforme a TPM em TPV - Tempo Para Você.

A vida não é uma propaganda de margarina

A cena é perfeita: mesa impecavelmente posta, crianças felizes diante do prato de cereais, mãe bem-humorada servindo o café, pai sorridente lendo o jornal, margarina derretendo no pão. Um perfeito mundo cor-de-rosa.
Fora da TV, a vida ganha outras tonalidades. Muitas vezes as relações não deslizam tão fácil quanto a margarina no pão. Ao invés de trilha emotiva, silêncio fazendo barulho. Ao invés de sol, tempo fechado. Como às vezes é difícil digerir as diferenças e entender que a perfeição não passa de um comercial de TV...
Bom mesmo é quando a gente aprende a ser, muito mais que mero espectador, autor de mudanças na nossa maneira de pensar, sentir, agir e interagir com o outro.
Aceitar as diferenças, dormir com o imprevisto e conviver com o imperfeito é dar bom dia à vida.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Dor de homem e dor de mulher

Essa eu ouvi do meu querido dentista fisioterapeuta buco-maxilar, Dr. Marcelo Mascarenhas, quando fui fazer uma nova plaquinha para aplacar de vez o meu bruxismo...
"Homem marca consulta assim:
- Doutor, eu estou com uma dor alucinante há um ano. Dá pra gente marcar um horário pra este mês?

Mulher marca assim:
-Doutor, eu amanheci hoje com uma dorzinha no maxilar direito... Você tem algum horário pra hoje? "

Ai, ai... Esta é apenas uma pequena amostra da grande diferença entre homens e mulheres...
Da dor ao futebol, passando ainda pelo sexo, romantismo, TPM, filhos, etc, etc e tal, é assunto que dá um livro. Uma boa pedida pra gente conversar aqui no blog.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Briga de criança

Ontem o meu filho de 6 anos veio me contar de uma briga que aconteceu numa festinha de aniversário:
- Mãe, o Fulano me deu um chute e eu não gostei.
- E o que você fez, Léo?
- Contei pra mãe dele.
- E o que ela fez?
- Disse que ia colocar ele de castigo.
- E você falou alguma coisa com ele?
- Não... Mas eu devolvi o chute, porque não era meu...
(...)
Coisas de criança. Espontaneidade deliciosa de criança que a gente tem mesmo que escrever pra não esquecer.

Constelações Familiares

Semana passada participei de um workshop de Constelações Familiares. O nome causa estranhamento pra uns, curiosidade pra outros, mas fato é que esta nova abordagem terapêutica tem dado o que falar - e o que sentir.
A constelação familiar é um fenômeno complexo, difícil de explicar (tem que ir pra ver e entender na prática como a coisa acontece), mas é regido por alguns princípios muito claros: a necessidade do perdão, a importância de agradecer aos nossos pais pela nossa existência e de reverenciar os nossos ancestrais.
Sabe aquele seu comportamento (ou pensamento) que tanto te aflige, angustia, faz sofrer? Pois é. Pode ser que você esteja repetindo a sua vó, ou tentando suprir o seu pai de alguma coisa que ele não teve... Parece nonsense, mas tem muita lógica...
A família tem mais influência na nossa vida do que a gente pensa. É sangue, amor, ligação, cordão umbilical. Sou eu agradecendo todos os dias por ter pai e mãe vivos, tão amorosamente ligados a mim, presentes preciosos da minha vida, razão e emoção da minha existência.