quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Recomendações de mãe

Cada fase uma fase, um momento diferente.
Eu me despedindo do Léo ao deixá-lo na escola:
Filho, "Deus te abençoe", boa prova, não se esqueça de escrever respostas completas, não confunda fotossíntese com polinização. E lembre-se: "green", grama; "yellow", sol. Capricha na prova de inglês!...
Com a Bella, a recomendação mais importante:
Tchau, minha flor, brinca bastante!
Nem precisei terminar a frase e ela saiu correndo em direção à Sophia e ao Ilan, direto pra casa de boneca:
- Mamãe, a gente vai brincar de Smurfs! Eu vou ser a Smurfete!
Ah, meus filhos. E assim vou indo trabalhar com um sol dentro de mim, a alma em paz e o coração cheio. Hoje vocês se dividem entre clorofilas, agentes polinizadores, Smurfs e Smurfetes. Amanhã serão contas a pagar, casamento para cuidar, trabalho para amar, filhos para encher de beijos na porta da escola.

domingo, 28 de agosto de 2011

"Tricotices"

A primeira tricotada "a gente nunca esquece". E pra garantir que a gente não vai esquecer mesmo, deixo esta pequena relíquia aqui no blog. (Quem sabe meus filhos, netos, bisnetos e tataranetos não lerão um dia.)
Do alto dos seus quase quatro anos, o pinguinho de gente da Bella resolveu bater um papo bem entrosado com a Patrícia, que trabalha na nossa casa. Eis o diálogo, na íntegra:
- Pat, você sai com a sua mãe no fim de semana?
- Saio, Bella.
- Só você e ela?
- Não, eu tenho uma irmã.
- Como ela chama?
- Luciana.
- Luciana?! Igual a minha prima, que mora em Uberlândia. Ela é filha da Tia Rosi e tem um namorado liiiindo, chamado Fred. (!)
(Risos, muito risos da Patrícia)
Com a maior seriedade do mundo, lá vem a Bella:
- Por que é que você tá rindo? (...)
- Nada, Bella, nada, só achei graça do jeito que você falou.
- Ele é um gato. Mas não conta pra ninguém, tá? Esse vai ser o nosso segredo. (!)
.........................
PS: Tão longe tão perto, de um jeito ou de outro, a Tia Rosi e a Lulu são sempre lembradas por nós. Bem-vindo ao clube, Fred. (!) Seu ibope anda alto por aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Obrigação

Cresci ouvindo isso da minha mãe: "primeiro a obrigação, depois a devoção".
Aprendi direitinho, tintim por tintim, letra por letra.
Tinha também a outra versão de rima: "primeiro o dever, depois o lazer".
Ah, mães. Hoje sei bem o que é isso, conheço bem essa toada, e tento passar pros meus filhos de tudo quanto é jeito. Tá impregnado, tá na pele, tá virando quase um mantra: obrigação, ão... ão... ão... ão...
Só que ao invés de relaxar, põe é pilha. Claro. "Um dois, feijão com arroz." Bora bora, vamos aproveitar o tempo, cuidar do que é prioridade para aproveitar depois a felicidade do tempo livre. (E quem disse que tempo ocupado não é felicidade? Ô, se é.)
Olha eu aqui, burlando a regrinha básica que a minha mãe me ensinou. Enquanto você passeia pelo blog, tem uma pilha de livros pra eu ler e artigos pra escrever. Obrigação da pesada, estou até parecendo o coelho da Alice no País das Maravilhas: "É tarde! É tarde, é tarde, é tarde!"
E eu, mistura de coelho e gente, quase estou ouvindo a minha orientadora dizer : "primeiro a obrigação, depois..."
(Ela é que não sabe o tanto que essa devoção aqui
me enche de inspiração.)
Fui. "É tarde, é tarde, é tarde!".

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ao trabalho

Chega de banho. Você vai acabar derretendo desse jeito.
Arregaçar as mangas. Rasgar o verbo. Desentalar.
Chorar se preciso for.
Enfrentar o batente, a labuta, a dor de dente.
Encarar os problemas de frente.
Ninguém te falou que seria fácil.
Viver não é conto de fadas,
não é matematicamente simples assim.
Dorme. Acorda. Boa noite, bom dia.
Ginástica física, mental, emocional.
Corre daqui, peleja dali.
E assim a gente vai transformando
pedras no caminho em bolhas de sabão.
Sem tirar o pé no chão,
mas com possibilidade de alcançar a lua.
Por que não?
Aceita os convites que a vida te faz.
Faz careta pro bicho-papão.
Até morrer de rir. Até descobrir o quanto faz bem sorrir.
Antes de virar abóbora,
toda Cinderela tem seus minutos de sonho.
Se você acredita na eternidade,
tem um punhado de realização pela frente.
Bora, o despertador já tocou.
O sol vai continuar nascendo todo dia,
quer você acorde ou não.
Acorda. Espreguiça, estica a coluna,
beija a alma e vai abraçar esse montão de vida
que te espera lá fora.
Mãos à obra.

sábado, 6 de agosto de 2011

Pausa refrescante

Outro dia fui comprar um sabonete líquido para o banho e fiquei alguns minutos diante da prateleira, observando a variedade de marcas, aromas, cores. Um deles me chamou atenção pelo imperativo estampado no rótulo: "Recarregue-se".
Não tive dúvida. Coloquei no carrinho e lá fui eu pro caixa, pensando no poder que as palavras têm. (Os publicitários são especialistas no assunto).
Depois de uma semana de muito trabalho, nada como recarregar as baterias, soltar as mangas e degustar dessa pausa refrescante que é escrever no blog.
Então, aproveita que é sábado para seguir o que o sabonete manda: "Recarregue-se."
Banho de espuma. Banho de loja. Banho de alegria. Banho de música. Banho de cultura. Banho de saúde. Banho de paz, de amor e vida.
Banho de pipoca, sofá e riso.
Só não vale banho com balde de água fria.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Feridas

Ontem eu dei uma entrevista para o MGTV sobre um tema bastante comum e ao mesmo tempo complexo: "pessoas negativas, destrutivas, que puxam o outro pra baixo ". (http://g1.globo.com/videos/minas-gerais/v/especialista-ensina-como-lidar-com-criticas-negativas/1583961/#/todos%20os%20v%C3%ADdeos/page/1)
Como o assunto dá pano pra manga e o tempo é sempre contadinho no Programa, resolvi estender um pouco do tema por aqui, explorando especialmente o lado de quem sofre com o que vem dessas pessoas tão esvaziadas de auto-estima.
Que elas não percam jamais a lucidez de enxergar que o problema não é com elas, mas com aquele que pisa, humilha, puxa pra baixo. O foco não é a vítima, mas o algoz. Ele tem dificuldades a resolver. Falta a ele uma boa auto-estima, assim como também faltam habilidades emocionais, interpessoais, muitas vezes profissionais. É o professor que diminui o aluno, o chefe que destrói o funcionário, a patroa que acaba com a raça da empregada. Por mais paradoxal que pareça, o conflito também pode surgir entre marido e mulher, pai e filho, parentes que acabam virando serpentes. Pessoas assim buscam compensar a baixa auto-estima com poder, na ilusão de se fortalecer com a fragilidade do outro.
Mera ilusão, sinto lhe dizer. Mas aí vão duas boas notícias:
1) o que é puxado pra baixo pode perfeitamente, com a segurança e auto-estima que tem, colocar limite e dar a volta por cima.
2) o que puxa pra baixo pode reconhecer que a fragilidade na verdade é sua, e buscar mudar para sobreviver emocionalmente.
Bem-vindo à vida, cheia de desafios e oportunidades pra gente crescer. Mesmo que às custas de muito tombo no chão.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Confissão

Um dia ela me confessou, muito timidamente:
- Às vezes eu penso em mudar de sexo. Deixar de ser mulher. (...)
Mas nada de ser homem também. Esquece.
Meu sonho de consumo é me transformar em máquina. De preferência uma bem grande, linda, de plasma ou LCD. (Plasma não, de plasma basta eu tentando inutilmente aparecer.)
O que eu queria mesmo era me banhar de todos os brilhos, cores, amores. Imagens em movimento, tão aceleradas quanto os filmes do 007. É isso. A partir de hoje meu nome é "Bond. James Bond".
Quero ter voz. (E que a minha voz seja ouvida no talo.)Quero ver ele não olhar pra mim agora. Cheia de astúcia, sedução, armas de última geração.
"Bond. James Bond."
E quando ele cansar desse filme é só me apontar o controle. Gol de placa, golaço, grito de adrenalina no último minuto do segundo tempo.
É zero a zero e ele insiste em olhar pra mim. Vidrado, louco, completamente apaixonado.
Se não capotar no sofá depois disso, é certo que vai pra cama comigo.
Muito prazer, eu sou a tal.
Sem concorrência. Sensacional. Inteiramente digital.