Não. Nem luto oficial de sete dias. Nem todas as flores do mundo. Nem cem minutos de silêncio ou palavras proferidas. Nem mil microfones para gritar, chorar, denunciar a violência de uma dor que tomou tudo, devastou tudo. Cessou a música, derrubou sonhos, asfixiou a alegria, interrompeu lindas travessias de vida. Finda. Fenda. Venda nos olhos pra não ver um morrer tão gigantesco, consternado e doído.
Não. Nada apaga a tristeza, o vazio, a forma absurda desse fim.
Santa Maria. O nome da cidade também é evocação da mãe de Deus. Quantos não precisarão do seu colo e da sua luz nesse susto escuro?
Quando o socorro chegou, a música não mais se ouvia. Mas ao silêncio dos alvéolos rompidos juntou-se o som dos celulares tocando. Uma sinfonia high tech de chamadas não atendidas e telas coloridas pulsantes imploravam por um sinal de vida. Num só aparelho, mais de 100 chamadas não atendidas. Em mais de 200 corpos, a lastimável desconexão da vida. Na vida de quem fica, a perda completa de chão.
Santa Maria, rogai por nós.
domingo, 27 de janeiro de 2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Empreendedorismo infantil
Sol. Praia. Água de coco. Céu azul de brigadeiro.
Entre uma onda e outra, pausa na sombra da Castanheira para a tradicional reunião de família. Assuntos delicados como "vai ser peixe ou camarão?", "caiaque ou banana?", "picolé ou sorvete?" vão sendo tratados, sem muita polêmica.
Quando o pé descansa na areia e os olhos se perdem parados no horizonte, onde o céu beija o mar, todos parecem chegar sem delongas ao consenso de que a vida é mesmo muito difícil. Dificílima.
E aí me aparece, para alegria de todos, um vendedor de cocada. Cocada preta, branca, de maracujá, leite condensado. Tem pra todos os gostos. Pode escolher.
Além do tabuleiro recém-saído do forno, o moço levava com ele a filha de seis anos, maiozinho no jeito pra quando o "serviço" acabasse.
Venda feita, missão cumprida, lá se foi o cocadeiro com o seu doce mais bonito.
Minha Bella, antenadíssima, ficou espichando os olhos para a menina, tão nova e trabalhadeira.
Aproveitando a deixa, o pai foi logo brincando:
- Tá vendo, Bella? Ela já trabalha, tá que vende cocada... E você, quando é que vai começar a trabalhar?!
(...)
- Quando você começar a vender!...
(!)
Entre uma onda e outra, pausa na sombra da Castanheira para a tradicional reunião de família. Assuntos delicados como "vai ser peixe ou camarão?", "caiaque ou banana?", "picolé ou sorvete?" vão sendo tratados, sem muita polêmica.
Quando o pé descansa na areia e os olhos se perdem parados no horizonte, onde o céu beija o mar, todos parecem chegar sem delongas ao consenso de que a vida é mesmo muito difícil. Dificílima.
E aí me aparece, para alegria de todos, um vendedor de cocada. Cocada preta, branca, de maracujá, leite condensado. Tem pra todos os gostos. Pode escolher.
Além do tabuleiro recém-saído do forno, o moço levava com ele a filha de seis anos, maiozinho no jeito pra quando o "serviço" acabasse.
Venda feita, missão cumprida, lá se foi o cocadeiro com o seu doce mais bonito.
Minha Bella, antenadíssima, ficou espichando os olhos para a menina, tão nova e trabalhadeira.
Aproveitando a deixa, o pai foi logo brincando:
- Tá vendo, Bella? Ela já trabalha, tá que vende cocada... E você, quando é que vai começar a trabalhar?!
(...)
- Quando você começar a vender!...
(!)
sábado, 12 de janeiro de 2013
Perolices animais
Como já contei antes, férias em casa é um caso sério. Até brincadeira de psicólogo entra na história pra passar o tempo.
Então, para variar o repertório, resolvi deixar os meninos no sítio, cercados de cuidados dos avós, tios e primos mais que corujas.
E aí as brincadeiras mudaram de profissão: as crianças viraram veterinários, mergulhadores, cozinheiros, fazendeiros. Uma farra só.
Quando chegamos, um Léo afoito veio correndo contar o episódio do ano. (Já.)
- Mãe, você não acredita! A gente tava brincando perto da porteira quando viu uma cena horrível. A égua do vizinho tava empacada, e o caseiro começou a bater nela com um pau. Bateu tanto, mãe, que a boca dela começou a sangrar! Saiu muito sangue!
- Que absurdo, meu filho, ninguém fez nada?
- A vovó saiu gritando, falando pro moço parar, deu a maior bronca. Num é um absurdo, mãe? A gente tinha que denunciar! Tinha que chamar o Obama!
(!)
Então, para variar o repertório, resolvi deixar os meninos no sítio, cercados de cuidados dos avós, tios e primos mais que corujas.
E aí as brincadeiras mudaram de profissão: as crianças viraram veterinários, mergulhadores, cozinheiros, fazendeiros. Uma farra só.
Quando chegamos, um Léo afoito veio correndo contar o episódio do ano. (Já.)
- Mãe, você não acredita! A gente tava brincando perto da porteira quando viu uma cena horrível. A égua do vizinho tava empacada, e o caseiro começou a bater nela com um pau. Bateu tanto, mãe, que a boca dela começou a sangrar! Saiu muito sangue!
- Que absurdo, meu filho, ninguém fez nada?
- A vovó saiu gritando, falando pro moço parar, deu a maior bronca. Num é um absurdo, mãe? A gente tinha que denunciar! Tinha que chamar o Obama!
(!)
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
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