segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Perolice iluminada


Domingo à noite, "momento-reflexão".
À pergunta do pai sobre onde está Deus, as crianças respondem:
- No céu!...
A mãe acrescenta:
- Deus está dentro do coração da gente...
E uma Bella muito surpresa indaga:
- Dentro da gente?! Mas Deus é grande!...
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sábado, 24 de agosto de 2013

Hahaha


Que bom que a vida tem lá suas compensações. Cobertor quentinho no inverno. Chocolate pra dor de cotovelo. Abraço de urso depois de matar um leão por dia. Ombro amigo quando o seu já esfarelou de carregar tanto peso. Peso pesado, quem é que nunca sentiu o lado hard da vida? Basta uma espiadinha pela fechadura da alma e lá está ela: agachada, abafada, presa, chorando. Cada um sabe o motivo, cada um sabe o tamanho da cruz que carrega. Problema todo mundo tem, não se mede nem compara. Mas tem uma certa categoria de dor que mexe mais com a gente. Experimente passar a manhã de domingo visitando a ala infantil de um hospital. Experimente trocar a velha paisagem das praças coloridas e toboáguas eletrizantes pelos corredores assépticos, brancos, tristonhos. No lugar da pipoca e do algodão doce, estranhas seringas transparentes e soro gotejando vida. Pronto. Provavelmente você vai destrancar a alma e correr de volta pra praça, feliz porque o seu problema é apenas uma rixa com o chefe, um namoro que acabou, um projeto que não vingou. Bola pra frente, sacode a poeira e dá a volta por cima.
Voltando às compensações da vida, que bom que a gente pode transformar sofrimento em riso. Que bom que pra cada criança doente tem dois ou mais palhaços adentrando o quarto, fazendo graça e fabricando música.
Não, eu não passei um domingo no hospital mas é como se fosse. Fui assistir a um espetáculo do Instituto Hahaha (institutohahaha.org.br) e não sabia se ria ou chorava. A Mostra Hahaha emocionou a plateia ao demonstrar um trabalho cheio de nobreza e compensações as mais lindas: para a falta de toque, toc-toc na porta; para a seriedade da situação, nariz de palhaço; para braço engessado, abraço apertado; para o shhhh da enfermeira, música de primeira.
Parabéns, Instituto Hahaha. Vocês prescrevem com encanto, competência e alegria uma receita que não costuma mesmo falhar:
a de que rir ainda é o melhor remédio. (Mesmo quando há todos os motivos do mundo para chorar.)

domingo, 11 de agosto de 2013

O pai que carrego em mim


Roda gigante.
Bola de chiclete.
Pipa colorindo o céu.
Braços abertos na porta da escola.
Cai, levanta.
Amarra meu tênis?
Esconde-esconde.
Bolha de sabão.
Festa junina.
Adivinha o formato daquela nuvem?
Língua de gato.
Bala chita.
Me leva no altar?
Parei de fumar.
Ombro, colo, abraço, riso.
Quanto mais a gente cresce,
mais cresce o amor que a gente sente.
Tão presente, tão sempre,
tão grande, tão pai.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mais farofa?


Colocando um pouco mais de farofa na panela, vai uma uma outra perolice que esqueci de contar no post anterior.
Perolice jurídico-psicológica, logo você vai entender por quê.
A Bella tem uma amiga muito querida, Maria Clara, uma fofurice só.
Outro dia ela foi brincar lá em casa e não quis ir embora de jeito nenhum.
A Vó Riza chegou para buscá-la e as duas trataram de se esconder rapidinho, uma debaixo da cama e outra atrás da cortina.
Assim que foram descobertas, começou a choradeira misturada ao forte apelo infantil:
- Ahhhhhhh, deixa ela ficar mais um pouquinho, deixaaa!...
- Deixa, deixa, deixa, vovó!... Só mais um pouquinho!...
- Deixa! Deixa! Deixa!
- Por favor, por favor, por favoooooor!...
- Coitada da menina, deixaaaa!...
- Por favor, por favor! Por obséquio, por obséquio, por obséquio!...
- Acho melhor você deixar, né? Se não é muito sofrimeeeento!...
Tá explicado, argumentado, tá resolvido, meninas. Dois a zero pra vocês.
(É isso o que acontece quando uma filha de advogada se junta com uma filha de psicóloga para brincar.)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Farofa, monstros e rock'roll


Experimente desligar a TV, tirar a gravata, vestir uma fantasia de princesa, levar a sério uma criança. Pronto. Sua "adulteza" já virou infância.
De perolice em perolice o mundo vai ficando mais redondo, colorido, mais cheio de graça e encanto.

- Mamãe, por que que dicionário chama dicionário? Devia se chamar livro da sabedoria.
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- Mãe, eu já falei que não gosto de pimentão.
- Ô, filha, pimentão é tão gostoso. E olha só como faz a farofa ficar mais bonita.
- Eu adoro farofa, mas sem pimentão.
- Tadinho do pimentão, Bella. Ele vai ver todo mundo ir pra festa da barriga - o arroz, o feijão, a carne, o tomate... Só ele vai ficar de fora?
- Tadinho nada, mãe. Pimentão não é gente!...
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- Mãe, sabia que tem uma lenda sobre as mães que ficam muito bravas? Elas viram monstro.
- É mesmo, Bella? Onde você aprendeu essa lenda?
- Na escola, ué.
- Você acha que eu sou muito brava, filha?
- Não... E é melhor você não ficar, viu?
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- Bella, o telefone tá tocando!
- Ah, pai, tô com preguiça de atender...
- Deve ser o seu avô. Eu, se tivesse um avô ia atender. Mas o meu tá lá no céu, e lá não tem telefone não...
- Tem sim!
- Tem?!
- Tem, a gente liga pelo coração!
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- Mãe, às vezes eu não consigo parar de pensar! Minha cabeça parece uma banda de rock. (!)