Entro no elevador junto de uma simpática senhora de cabelos brancos, se queixando (sem lamúrias ou lamentações, mas com um largo sorriso no rosto) das suas "cadeiras".
Reforço:
- Ah, hoje em dia tá todo mundo "descadeirado"!...
(Risos.)
- Ah, não, minha filha, você ainda está muito nova... Já eu, do alto dos meus 84 anos...
- 84?! Não parece!...
- É o que todo mundo diz, mas já colhi 84 primaveras...
Pergunto, brincando:
- Ah, não, me conta: qual o creminho que a senhora usa à noite?
- Creminho? O creminho é a saudade e o amor, minha filha. Tô doida pra "ir embora" pra me encontrar com ele, que partiu já faz 16 anos... A gente vivia tão bem, mas tão bem...
Oitavo andar. Abre a porta do elevador, me despeço da alegre senhora.
Abro a porta do consultório, pensando na dor - dores tantas, escuto todo dia - que faz um amor partido.
Coisas da vida. Da idade. Conversas de elevador, dor de saudade.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
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Fico apaixonado quando escuto mamãe falando do papai.
ResponderExcluirÉ igualzinho...
É apaixonante mesmo, PC. E pode ter o maior orgulho, porque é daí que você veio.
ResponderExcluirAbração!
Em uma entrevista linda, Gilberto Gil compara o "encontro" dele com o do filho que já se foi, com o "encontro" dele com o mesmo filho antes de nascer. Isso iluminou meus dias e minha forma de ver o mundo. No Caminho de Santiago tive a mesma experiência, de estar mais próximo, lembrando Richard Bach, que escreveu que "Longe é um lugar que não existe". Hoje, sinto isso doer na pele, há mais de 3 meses sem ver minha filha que se foi pra Recife com a mãe... Esperando ela crescer, cresce meu amor e meus "encontros" com ela, sozinho, todas as noites e todas as manhãs.
ResponderExcluirSaudades de você também, amiga Feldman.
Amigo Bê,
ResponderExcluirNão consigo nem imaginar a dor dessa sua saudade. Só agora entendo o conteúdo de alguns de seus posts, tão poéticos e cheios dessa falta. Ainda bem que inventaram a música, a poesia e os caminhos - de Santiago e tantos outros - pra gente enxergar e sentir o tanto de amor que reside nessa também invenção chamada saudade.
Abração!
ola renata! aki e a GRAZI nao sei se vc lembra de mim,, hoje dia 21/01/12 estava na sala o meu querido filho, estava mexendo na tv, e ele trocou o canal e vc estava dando entrevista sobre alta estima,. tenho saudades do leo e de vcs...
ExcluirBacana, Grazi, agora você também é mãe!...
ResponderExcluirParabéns, tudo de bom!
Abraço,
Sensacional o post.
ResponderExcluirMuito obrigada, Jaime!
ResponderExcluirAbraço!