quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fim de férias

Desarrumar as malas.
Abrir as cartas.
Arrumar a casa.
Fazer unha. Sacolão. Açougue. Supermercado.
Pilates. Hidro. Orçamento do armário.
Consertar o ferro de passar roupa.
Programar o despertador.
Buscar o edredon.
Preparar as aulas.
Botar a cabeça pra funcionar.
Trabalhar, trabalhar, trabalhar.
Fazer valer. Pôr sentido.
Abraçar a rotina.
Programar as próximas férias.

domingo, 25 de julho de 2010

Férias

Pausa no despertador.
Bem-te-vi na janela.
Altas pra dieta.
Camarãozinho frito.
Internet fora do ar.
Mergulho no livro.
Câmera lenta na correria.
Ataque ao carrinho de picolé.
Rotina pelo avesso.
Pegar jacaré.
Castelo de areia. Água de coco.
Karaokê. Milho verde. Cafuné.
Quem não quer?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Delícia de encontro

Escrevo para você enquanto espero meu risoto de brie com damasco na Bendita Gula Gourmet. Hoje a correria não me deixou almoçar em casa.
Enquanto espero, escrevo. Enquanto escrevo, espio as pessoas olhando com curiosidade para mim. É como se os olhares dissessem: "Coitada... Sozinha..."
Não imaginam que eu estou pensando: "Delícia... Sozinha... Curtindo meu risotinho, tomando uma Coca Zero com gelo e limão...."
Confesso que deixei uma mensagem pra minha amiga Tiça me encontrar, entre uma amamentação e outra, se o Davi deixar. Adoraria meia horinha de prosa com a minha amiga de velhos e novos tempos mas, se não der, tudo bem. Nenhum "Deus nos acuda". Nenhum  bicho de sete cabeças.
Gosto de estar comigo. Aprendi isso com a minha mãe que, apesar de adorar gente e apreciar uma boa companhia, adora ficar com ela mesma.
Uma senhora não tira o olho do meu prato. Vem em direção à minha mesa e pergunta:
- Que arroz é esse? Hum, adoro damasco!... Outro dia eu peço, não dá pra ir ao médico de  barriga cheia...
Na metade do risoto, peço uma saladinha napolitana, trocando o tomate seco por tomate normal, "molhado", como veio ao mundo. Adoro tomate. Adoro damasco. E adoro me encontrar comigo, escutar o meu silêncio e os meus pensamentos, ficar em companhia de mim mesma. Acho saudável, necessário, bom pra relação que tenho com a Renata que mora em mim.
E você, tem marcado encontros com você?

domingo, 18 de julho de 2010

Papo de princesa

Ontem a Bella teve (mais um) ataque de paixão pelo pai, referendado pelos Contos de Fadas.
- Mãe, eu sou a Rapunzel, você é a "Banca" de Neve e o papai é o meu "píncipe" (!).
- SEU príncipe? E quem vai ser o MEU príncipe?
- O Léo, ué.
- Quem mais está nessa história?
- A vovó "Caia" é a "Cindelela", a TaTati é a Bela Adormecida e a Ana "Caia" é a "buxa"!...
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PS: Ana  Clara é a minha afilhadinha de 4 meses, princesa que ganhou o trono e os ataques de ciúmes da Bella.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Drama

Ontem foi o último dia de aula das crianças. Na saída da escola, encontro um Léo vermelho, suado, completamente emburrado, com uma medalha "de prata" na mão. Foi logo rasgando o verbo:
- Hoje foi o pior dia da minha vida.
- O que aconteceu, Léo?!
- Meu time perdeu a Copa.
- Ué, Léo, acontece.... O Brasil também não perdeu?
- Droga, eu não sou um craque de futebol.
- Claro que é, meu filho. O Brasil é um campeão e também perdeu... Futebol é assim mesmo: um time ganha, o outro perde. O importante é competir...
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À tarde saí mais cedo do consultório e fomos, os três, comemorar o último dia de aula com um lanche gostoso, em um café-livraria. A farra não podia ser melhor: biscoitão de queijo,  chocolate quente, minipizza, suco de uva, biscoitinho de chocolate e livros, muitos livros coloridos pra gente ler nas férias. Sem falar na música, na alegria e sintonia dos dois. Quando saímos de lá o Léo me disse:
- Retiro o que disse, mãe. Hoje foi o melhor dia da minha vida.
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"Cartas para Julieta"

Acabo de voltar da Itália. Olhos brilhando pela exuberante Verona de Romeu e Julieta, uma voltinha por Siena, paisagens de cartão postal, se isso for sonho não me acorda.
Na verdade, acabo de voltar do cinema. Aguada que estava por uma tela daquele tamanho, com direito a pacotão de pipoca e uma companhia de deixar Romeu no chinelo, fui ver "Cartas para Julieta".
Se você ainda não viu, recomendo. Não pelo filme em si, que é bastante previsível, romântico, hollywoodiano. Mas pela Itália que adentra a nossa alma, pela casa de Julieta que nos remonta ao amor trágico e pela ideia que permeia o filme: mulheres de coração partido deixam cartas para Julieta  no muro de sua casa. Cartas estas que são recolhidas diariamente por funcionárias da prefeitura de Verona, respondidas e enviadas pelo correio às respectivas destinatárias. Cartas de mulheres que amam demais, sofrem demais, buscam desesperadamente pelo amor perdido. E assim, entre dores e amores, o muro de Julieta vai se transformando em "Muro das Lamentações".
Por um instante, me vi em Verona lendo as cartas dessas mulheres e respondendo uma a uma, juntando minha paixão por escrever com a minha paixão em ajudar as pessoas.
Nas horas vagas um bom vinho, queijos, um belo fettuccine, capuccino cremoso e, pra completar, a legítima pizza italiana.
É, até que um servicinho desse não seria nada mau.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sopro de vida

A vida sopra para o norte, para o sul, para o azul.
Sopra segredos, encantos, desejos.
Sopra sonhos, perguntas, dor nas juntas.
Sopra alegria, tristeza, decisões ensaiadas.
Sopra o cheiro do café, um bocado de fé,
Sopra o perfume daquela história de amor.
Sopra o riso, a esperança, o canto e a dança.
Sopra a vida, despedida, sopra a alegria de querer bem.
Sopra barulho de mar, capacidade eterna de amar.
Um sopro, uma vela, um pedido.
Primeiro ato, último suspiro.
Escute o que a vida anda soprando para você.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Quando o bebê não vem

Ontem tive a honra de participar do Programa Palavra Cruzada, da Rede Minas, apresentado pela talentosa jornalista Maria Amélia Ávila. Uma hora foi pouco para abordar um tema que gera enorme angústia entre os casais: infertilidade.
Deveria ser simples assim: um óvulo, um espermatozóide, um encontro de amor e o desejo profundo de ter um filho. Mas infelizmente nem sempre é assim.
Trompas obstruídas, ovários policísticos, endometriose, stress, ansiedade, alterações no espermograma. O que deveria ser simples fica complicado. O natural vira artificial.
No lugar de alegria, tristeza. No lugar de um quarto cor-de-rosa, uma vida em preto e branco.
Para quem deseja ter um filho, só esse desejo já vem carregado de emoção. E quando ele não se realiza, a infertilidade vem carregada de NÃO. Frustração. Lamentação. Piração. A gestação acontece, mas é de sofrimento, e geralmente dura muito mais do que 40 semanas.
A boa notícia é que infertilidade não necessariamente precisa significar impossibilidade. Há caminhos para seguir, sejam eles técnicos, emocionais, práticos ou racionais.
Mudar os planos? Tirar de cabeça? Partir para a inseminação artifical? Adotar uma criança? Conviver com a ideia de não ter filhos e ser feliz apesar de?
Apesar do não, o sim. Simplesmente.