domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cheguei!

Nome: Luckie Sky Walker
2.750 kg
Raça: SRD
Data de nascimento: 25/12/11
Data de adoção: 25/02/12
Local: www.sosbichos.com.br
Palavra-chave: gratidão

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Cãoprei" a ideia

Sei não. Acho que não estou bem. Devo ter batido com a cabeça no chão.
Resolvi acatar a ideia - a princípio maluca, visionária, quase fictícia - de dar pro Léo um presente que eu jamais pensei em dar: um cachorro.
Exato. Desses que latem, mordem "de brincadeirinha" (espero), fazem xixi e cocô no tapete, roem os marcos das portas e te amam incondicionalmente. (Já viu esse filme antes?)
Foi tanta insistência, tanta súplica, tanta chantagem emocional e declaração de amor que eu não resisti. Abri o coração e antes que ele feche já estou comprando, com a super ajuda da minha querida irmã veterinária, os acessórios - caminha, osso, bolinhas e o tal do tapetinho mágico que é o lugar certo para ele fazer suas necessidades. (Viva a tecnologia, a perseverança e a psicologia. Que Deus me ajude.)
Meu dilema é se compro ou adoto, mas estou mais para a segunda opção. Gesto nobre, responsabilidade social e uma gratidão pro resto da vida. Au auuuuuuuuuuuuu.
No mínimo, acho que vai ser uma experiência interessante. Estou adorando a ideia de que dar um cachorrinho pro Léo vai provocar nele um senso maior de responsabilidade. É o que tenho dito:
- Léo, Léo... Pra cuidar de um cachorro você tem que aprender a cuidar primeiro de você. E isso vale para escovar os dentes (inclusive o do bichinho, diariamente), tomar banho, guardar seu tênis no armário e não deixar as peças de lego espalhadas pelo chão. (Caso contrário, você perde o cachorro e o foguetinho de lego. E aí seu melhor amigo vai pro espaço.)
Ok, ok, me convenci. O coração amoleceu e eu já me apeguei ao bichinho antes mesmo dele chegar. Bendita afetividade e amor pelos filhos. O duro foi convencer o Dé, que não estava nem querendo cogitar a ideia, a "cãoprar" a ideia. Mas afinal de contas são 3 contra 1, e eu prometi a ele que seria um preto e branco, atleticano na raça.
O problema agora vai ser me livrar das minhocas. Isso mesmo o que você leu. Mi-nho-cas. Acho que estou com um miniveterinário precoce em casa. Cê acredita que o Léo trouxe pra casa, lá da horta da escola, uma embalagem de margarina cheia de terra com seis minhocas se enroscando lá dentro? E com um furinho pra elas respirarem, onde eu quase meti meu dedo? (...) Blarghhhhh. O danadinho chegou com a cara mais lavada do mundo, apresentando pra Pat, nossa ajudante, suas "minhocas de estimação". E queria porque queria deixá-las no quarto, ao lado do aquário. (Ia ser uma festa pro peixe.) Ela que não deixou. E ontem, uma semana depois, fui descobrir as minhocas lá na área.
Blarghhhh de novo. Sou mais o cachorro.
E se você é da mesma opinião, divida aqui comigo sua experiência. Todas as dicas do mundo são muito bem-vindas para essa dona de cachorro de primeiríssima viagem.
Au-mém.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Medo de avião

No último final de semana tivemos a alegria, o privilégio de passar bons momentos ao lado de adoráveis amigos em Escarpas do Lago. À noite, entre queijos e vinhos, risos e uma lua que foi nascendo majestosamente, sem pedir licença, começamos espontaneamente a sessão de "causos".
A anfitriã, cirurgiã pediátrica de mão-cheia, cheia de luz e uma simplicidade encantadora, compartilhou conosco seu medo de avião. (Aliás, medo comum de gente grande na contemporaneidade. Enquanto as crianças disputam para sentar na janela e ficam literalmente nas nuvens, os adultos travam a boca, suam as mãos e fecham os olhos, pegando com Deus antes mesmo da decolagem.)
Ironias do destino. Eu morreria de medo de entrar num bloco cirúrgico e abrir a barriga de uma criança. Confesso aqui toda a minha admiração pela coragem, segurança, valentia e firmeza desses grandes salva-vidas.
Pois a Dri, que graças a Deus não é perfeita e nem tinha que ser, morre de medo de avião. (Também, pudera, os noticiários não têm ajudado muito.) E para driblar o medo, a doutora adota a seguinte tática: dispara a conversar. Igual pobre na chuva. Tagarelice forçada. Quem está do seu lado escuta:
"- De onde você é? Para onde vai? Trabalha com o quê? Tem quantos filhos? Quantos irmãos? Olha, eu vou ser muito direta: toda essa conversa tem apenas um interesse: me distrair do meu pânico de estar aqui agora, ouvindo o comandante falar que acabamos de entrar numa zona de turbulência."
A Dri não é a primeira nem a última a ter medo de avião. O bacana é como que o medo da máquina leva à necessidade quase urgente de estar perto de gente. Como que trocar palavras com desconhecidos pode amenizar a angústia que vai lá no peito. Como que falar, falar, falar pode afogar a ansiedade e atenuar o nervosismo.
Sem se dar conta, essa minha amiga muito querida foi fazendo amizades na horas do aperto. Nada mais natural e oportuno. Teve pai de família que já até pegou o telefone dela e na semana seguinte apareceu com o filho de dois anos pra tirar o apêndice.
Capacidade de enfrentamento, é o que a vida nos pede. Seja para cruzar o Atlântico ou entregar o filho pro anestesista.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Valente

Um problema é sempre um problema. Agudo, crônico, universal, particular, persistente, acompanhado de uma boa caixa de analgésicos de preferência.
A lista de problemas é infindável, pra lá de problemática, passando pelos territórios do amor, saúde, dinheiro, profissão. Quando é saúde então, aí é que nos deparamos com a imensa fragilidade da vida, e de tudo o que muitas vezes não temos controle. Como diz a expressão popular, "quando se tem saúde se tem tudo. O resto a gente corre atrás."
Problemas não são novidade para ninguém. O inédito, singular, subjetivo, é a forma como as pessoas lidam com suas inúmeras dores de cabeça. Principalmente quando é coisa séria. Quando a saúde apita, acende a luz vermelha e o coração palpita, denunciando que algo não vai bem. Quando um exame de sangue mostra que o açúcar extrapolou, ou que as artérias estão entupidas, ou que as células foram todas tomadas. Complicado assim.
Tem gente que desmancha. Desmorona. Cai no chão. Cai de cama. Perde o chão. Enlouquece. Emudece. Desaparece.
Tem gente que é valente, de uma valentia que emociona e ensina a gente. Cai. Levanta. Junta os pedaços. Cresce e aparece. Transforma medo em coragem, dor em amor, susto em serenidade, doença em cura. Quando vê, está mais inteiro do que nunca.
Aprendo todos os dias com um amigo que é assim. De tão corajoso criou um blog chamado "A Saga de Valente" (www.asagadevalente.blogspot.com) - que eu recomendo de montão por aqui nas "Outras boas pausas da vida".
Pois é. A vida parou pro Paulinho quando ele soube que estava com câncer no rim esquerdo. E a vida continuou - ainda mais bonita - com a sua força, sua coragem, sua escrita, sua valentia, sua maneira otimista e bem-humorada de olhar para si mesmo.
A primeira frase que você lê no blog dele já diz tudo: "DAS AVENTURAS ONDE EU E VALENTE, MEU RIM DIREITO, ESTAMOS APRENDENDO A COLOCAR NO SEU DEVIDO LUGAR UM TUMOR QUE NOS LEVOU NOSSO RIM ESQUERDO."
E por lá a gente ri. A gente chora. A gente lê lembranças, cotidiano, coisa séria, poesia sem necessariamente versos que derrama do seu amor pela mulher, pelos filhos, pelo neto, pelos amigos, pelo sítio, pela solidariedade, pela música, pela comida. A gente acha graça e se conecta com um jeito simples e ao mesmo tempo maravilhoso de viver a vida, mesmo com todos as pedras que se colocam no caminho.
O problema não é o problema. É o olhar que se coloca sobre ele. Uns enxergam pedras. Outros, montanhas. E montanhas foram feitas para transpor, sabendo que é de lá que vem o sol.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pêsames

O sol que me desculpe,
mas não tinha o direito de se levantar cedo,
como que de costume.
Não tinha que se levantar.
Falo do escuro que se faz quando a vida se vai.
Penumbra, negritude, completa escuridão.
Nem pó de estrela, nem vela ou lanterna
pra iluminar o dia que acordou no luto. No susto.
Alguém morreu e paradoxalmente a vida segue lá fora.
Ônibus circulam, carros soltam fumaça,
pulmões choram a falta de ar.
Falta. Ausência. Salta essa parte ruim da história.
Sai fornada de pão na padaria.
Gente apressada atravessa a rua.
Gente atordoada atravessa a dor.
A vida continua nas esquinas, varandas, cirandas.
Por que tanto movimento
se está tudo parado aqui dentro?
O bebê chora, o telefone toca, o carteiro manda notícias.
A vida pára e anda no cortejo.
Pranto de chuva, despedida que não foi pedida,
tristeza absoluta em sol menor.