quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Reze antes de dormir


Minha Bella aprendeu a rezar. Toda noite fecha os olhos, junta as mãozinhas e começa sua conversa com Deus:
- Papai do céu, protege a mamãe, o papai, o Léo, a Bella, a vovó, o vovô...
E por aí vai abraçando pelo pensamento seus afetos, percorrendo a família inteira (inclusive os três cachorros da Tia Tati), para depois dormir com os anjos.
Ontem seguiu o mesmo ritual, com a diferença de repetir o seu nome ao final.
O pai foi logo dizendo:
- Você já rezou pra você, Bella...
Ao que ela rapidamente retrucou:
- Foi pra minha boneca, papai!...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Contagem regressiva


Sabe o que eu mais gosto neste final de ano? A ideia de um novo ano. Página em branco, prontinha para ser escrita, cheirando a coisas boas. As palavras não são novas, eu sei. Esperança de recomeçar de um jeito diferente.  Alegria de desfrutar cada momento. Paz pra amaciar ainda mais o travesseiro. Saúde pra dar e vender. Amor, amor, amor, conjunto de todas as virtudes, pequena palavra de um enorme sentido na vida da gente.
Pode ser que você pule 12 ondas. Saboreie 12 uvas. Vista branco, azul ou prata. Passe pulando. Passe beijando. Passe dormindo ou acordado. Pode ser que faça 3 pedidos. Ou 5, 7, mil. Pode ser que apenas agradeça pelo ano que passou. Pode ser que peça um namorado. Quem sabe uma viagem ao redor do mundo. Seu nome na lista de aprovados da Federal. Um trabalho que te realize. Amigos de verdade. "Um marido pra chamar de seu". Um tanto de sonhos pra sonhar.
Pois do jeito que for, onde você estiver, viva um Feliz Ano Novo. Escrito com a letra mais bonita, inspirado em tudo o que é importante para a sua vida.
Acreditar, sonhar, merecer, estes são os verbos-chave.
Eu fico daqui, fazendo figa e contando as horas, torcendo por você.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Natal


Paz, amor, alegria, esperança.
Se você quiser, estas podem ser apenas palavras gastas, batidas, levadas ao vento.
Podem ser apenas potes cheios de bolas coloridas como os da minha estante do consultório.
Podem ser estampas de camiseta. Letras de música. Propaganda de Natal. Palavras faladas da boca pra fora. Pro forma.
Mas se você quiser, estas palavras podem ganhar vida dentro de você.
Podem ser ditas em alto e bom som, traduzindo tudo aquilo que você quer, busca, sonha e acredita.
Experimente desejar paz, amor, alegria e esperança acreditando de verdade no que você está dizendo.
Vá além da fonética, do ritmo e da sonoridade de cada léxico. Vá fundo no significado.
Muito mais que dizer, você vai sentir. Muito mais que pedir, você vai receber.
Feliz Natal e um 2010 cheio de paz, amor, alegria e esperança  para você.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Virei vó

Depois de uma semana com a avó na Patagônia, volta pra casa um Léo cheio de vida, alegria, pinguins e leões marinhos espreguiçando na memória.
Casa em festa. Motos e helicópteros de lego no meio do caminho outra vez. Sensação boa de completude, plenitude, tudo no seu lugar. A não ser por um pequeno detalhe: cada vez que ele ia me perguntar ou contar alguma coisa, o que saía era "vovó", ao invés do bom e velho "manhê".

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

À mestra com carinho


Hoje fiquei com a alma cheia. Saí do consultório, passei na floricultura e fui torcer pela minha grande amiga e colega Maria Inês (a psicóloga que se mudou para Porto Velho, levando pedacinhos de mim com ela) na sua defesa de tese do mestrado da UFMG. Seu tema - luto - emocionou a banca e a platéia, tocada por constatar na morte fonte inexorável de vida.
Encantadora também a fala do Professor e Psicanalista Eduardo Gontijo (grato reencontro com este antigo amigo de minha mãe, que me conheceu quando eu tinha 5 anos e disse, pra minha alegria, se lembrar de mim): "o sofrimento de perder alguém é o sofrimento de perder a si mesmo".
Não foi uma banca de mestrado. Foi uma aula, um banho de cultura, uma ode de amor à profissão.
Parabéns, Maria Inês, mestra querida, professora desde sempre.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Álibi perfeito


Podem me chamar de manteiga derretida, mãe judia, o que for. Fato é que o Léo está curtindo as férias com a vovó Clara em plena Patagônia, alternando a farra entre baleias e pinguins, e quando tocou uma música bonita no carro me deu um ataque de saudade dele. No espelho retrovisor, vi uns olhos meio molhados, embargados de emoção.
Fato é também que ele é lembrado toda hora aqui em casa, especialmente pela irmã, que de quinze em quinze minutos pergunta:
- Cadê o Léo?
Mas hoje foi demais. A baixinha resolveu colorir a parede lá de casa, e quando eu perguntei:
- Quem foi que fez isso?
- Foi o Léo!...
Pode?!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pequeno aprendiz


Um dia desses o Léo chamou um coleguinha para passar o final de semana aqui em casa. Além de adorável, super bem educado, o menino é tipo geniozinho: começou a ler com 3 anos, fala obrigado em árabe, lê legenda de TV a cabo e por aí vai.
Quando passo pelo quarto, os dois estão lá brincando de lego num diálogo imperdível.
Pego já o meio da conversa, quando o colega fala alguma palavra que Léo não conhece e este logo pergunta:
- O que que é isso?
- Léo, seu vocabulário é muito ruim...
- O que que é vocabulário?
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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Erosão


Você pode não acreditar,
mas da erosão pode nascer flor.
Da dor pode nascer amor.
Do questionamento, resposta.
Da prece, conforto.
Do desencontro, sentido.
Do medo, coragem.
Do ombro, generosidade.
Da escuta, palavra.
Do fim, recomeço.
Do abismo, ponte.
Do encontro, abraço.
Da pedra, poesia.
Você pode acreditar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Como se o sol estivesse brilhando


"Muita chuva. Muita dor. E muita alegria por completar."
Este foi um trecho da mensagem que o Dé me mandou hoje no final da manhã, depois de completar os 18 km da Volta Internacional da Lagoa da Pampulha.
Tentei me colocar no lugar dele, e não consegui. Ou melhor, consegui: mas senti frio, sede, fome, dor,  cansaço, orgulho, amor e uma admiração ainda maior por ele.
Disciplina, perseverança e determinação são qualidades que aprecio, mas correr 18 km na chuva, no frio, levantando da cama às 6 numa manhã de domingo, ah, isso é pra poucos.
Não quero dizer que você tenha que virar maratonista e correr debaixo de chuva, provando para os seus músculos que você pode ir cada vez mais longe. Mas você pode criar metas, acelerar sonhos e descobrir a alegria, a endorfina indescritível da realização.
Já parou para pensar no que move você? No que te faz sair do lugar?
Aonde você quer chegar?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Traição


De todas as dores amorosas que escuto, uma chama atenção por sua forma pontiaguda e dilacerante: a dor de ser trocado(a), preterido, rejeitado(a), traído(a).
Onde se via amor, leia-se dor. Ferida na alma. Peito rasgado. Cabeça entupida de pensamentos moídos. Pura tortura.
O chão desaba. A casa cai. A vida fica sem sentido.
Pele, química, beijo, declarações de amor, juras de fidelidade: de repente tudo isso passa a não ser mais uma exclusividade de quem detinha (tinha?) o amor.
Como dividir? Como reagir? O que pensar? O que dizer? Como viver depois que a alma foi atropelada e estirada no chão?
Vivendo. Sobrevivendo. Juntando os cacos, hospitalizando a alma, cuidando do sofrimento para ele não virar eterno tormento. Descobrindo o seu auto-amor, buscando novos caminhos, abrindo janelas para o ar entrar.