terça-feira, 26 de abril de 2011

Receitinha

Junte um bom papo, risos à vontade,
caipirinha de todas as frutas.
Junte rock, pagode, chorinho. Chore de rir.
Junte prosa, piada, causos e histórias.
Junte o lago, a lua, o beijo e o queijo.
Junte biscoito assado na hora,
pegadas de coelhinho pela casa afora.
Junte vinho, macarronada, karaokê.
(Fazer o quê?!)
Junte filé acebolado com molho balsâmico.
(Bálsamo dos deuses.)
Junte uma pia cheia de louça pra lavar.
Junte papos-cabeça, ombro e colo,
constelações muito familiares.
Junte crianças, peças de lego espalhadas
por todos os cantos, noite do pijama.
Junte os amigos e guarde na memória
momentos que valem uma vida inteira.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Terapia anti-stress

Calma, cocada. Você não tem que arrumar todas as gavetas de uma vez. Nem cortar o macarrão do cardápio. Nem ir pro convento porque o amor ainda não deu o ar da graça.
Também não tem que revelar todas as fotos. Aceitar todos os convites. Assumir mais compromissos
do que a agenda aguenta.
Senta, toma um suco. Graviola ou maracujá?
Graviola a gente pega do pé, lá no sítio do meu amigo Seise.
Maracujá deixa a gente calmo. Dá até pra tirar um cochilinho na rede.
Mas põe em banho-maria essa mania de abraçar o mundo, fazer mil coisas ao mesmo tempo,
aprisionar o vento.
Vai fazer brigadeiro de colher, tirar bicho de pé,
 dançar um forró retado.
Tira o pé do acelerador.
Joga fora o bloquinho organizador da sua vida,
mais parece um liquidificador.
Não é porque o mundo tá todo embolado, complicado que você precisa se embolar também.
Desenquadra. Desembola. Desestressa.
Vamos ao que interessa.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ser desumano

Certeiro no tiro.
Vazio de amor.
Frieza estampada.
Professor da dor.

Vidas interrompidas.
Sonhos enterrados.
Desmoronamento da alma.
Desaprendizado.

Mau com u.
Anomalia de sentimento.
Perversão nu.
Náusea.
Tormento.

Ausência do outro.
Falta de explicação.
Buraco no ser.
Desumano viver.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ser humano

Basta ser humano para ter dor, buscar amor,
esvaziar-se de sentido, procurar caminhos.
Basta nascer um dia para viver o morrer,
a incompletude, o pânico,
a angústia de não saber quem se é.
Ser humano é sentir falta, fome, alegria,
 tristeza, medo, coragem.
É se deparar com a emoção de expressar
o que vai do lado de dentro, por mais que doa muito.
É buscar ajuda quando o sofrimento
parece preencher todas as frestas desse ser.
É encontrar na ajuda um sentido, um caminho,
uma janela aberta para o sol entrar.

domingo, 10 de abril de 2011

Mal-entendido

Uma das grandes alegrias que a minha mãe tem é programar roteiros deliciosos de viagem com o Léo. Já contei aqui que eles foram pra Diamantina, Serra do Caraça, Gramado, Argentina. Uma farra só.
E aí - como não poderia deixar de ser - a caçula foi ficando ressentida. Não só pelo fato de não ir, mas pela falta enorme que começou a sentir do irmão. Resultado: a próxima viagem vai ser com os dois juntos, não tem jeito.
Aí ontem estávamos saindo da casa da mamãe, já dentro do elevador, quando ela noticiou o próximo roteiro: Tiradentes.
De repente a Bella amarrou a maior tromba, cruzou os braços e  soltou essa:
- Ah, não, eu não vou!... Não quero ir!...
E eu, tentando entender:
- Mas por que, filha, o que houve?
- Eu não quero tirar o dente!...
(...)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sexo e afeto

Engraçado. O mesmo sexo que esquenta, aproxima, seduz e encanta os namorados parece tirar férias no casamento. Longe da cama, vai parar no divã, no boteco, no desabafo entre as amigas, na cervejinha entre os amigos. E o que era pra ser prazer vira queixa. O que era pra ser encontro vira desencontro. O que era pra ser proximidade vira distância.
Baco, cadê você? Onde estás que não responde? (...) Por que o silêncio das taças, a secura do vinho, a garrafa quebrada?
E aí essa conversa daria uma tese. Retomando o último post, "a questão talvez esteja justamente na diferença entre os sexos. Na forma como a mulher e o homem vivem esse convite pro amor."
Os homens, práticos e objetivos que são, sentem falta de sexo e vão direto ao assunto. Apreciam qualidade, quantidade, criatividade. Que leve uma noite inteira ou uma "rapidinha" na manhã de segunda-feira, o sexo está no sangue, nas veias. Não pode faltar.
Para as mulheres, o afeto vem como senha para o sexo. E não se trata  apenas das preliminares, tão cobradas por elas. Nem tampouco de romantismo de pétalas de rosa. Trata-se do afeto diário, cotidiano, presente nas mais variadas formas e possibilidades: um beijo mais demorado, um telefonema sem quê nem porquê, um toque na mão, uma conversa gostosa na beira do fogão. Atenção afetiva, assim resumiria o sexo feminino.
E aí esses opostos vão se atraindo: sol e lua, café com leite, goiabada com queijo.
Se o dia é preenchido com afeto, a noite vira um convite especial para o sexo. E se o que vem daí é uma longa noite de amor, o dia seguinte promete. Os casais vão ficando mais juntos, mais conectados, mais amáveis e amantes.
Na toada desse delicioso ciclo vicioso, o sexo não precisa tirar férias nem fazer greve. Precisa fazer o que ele mais sabe fazer: amor.