quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A senhora do sorriso invertido ataca novamente.


Dessa vez a senhora do sorriso invertido implicou com uma criança de 6 anos que esbarrou  sem querer no seu "espaguete", na hora da hidroginástica.
Por acaso essa criança era meu filho. Depois de chamar a atenção dele, ela olhou pra mim e me fuzilou com os olhos, esperando pela minha reação. Devolvi-lhe um olhar 49, rugi por dentro como boa mãe leoa, contei até 5 e resolvi dar uma de doida. Espia só:
Senhora do sorriso invertido (brava): Ô, menino!
Troca de fuzilamento de olhares.
Eu (um poço de educação e ironia): Ei, a senhora tá boa?
Senhora do sorriso invertido (desconcertada): Ah... Tô...
Senhora do sorriso invertido (brava, sem perder o rebolado e a rabugice): Criança, viu?!
Eu: Criança é tão bom, né? Uma troca gostosa de energia!...
Senhora do sorriso invertido: Meu neto não faz isso não!
Eu:  Ah, a senhora tem neto?! Quantos anos ele tem?
Senhora do sorriso invertido: Treze.
Eu: Ah, mas então não é mais criança, já é adolescente... Ou seria aborrescente? A senhora deve ser doida  com ele, né? (...)

Moral da história: se puder, não entre na onda do outro, no nervosismo do outro, na rabugice do outro, no mal-humor e azedume do outro, mesmo que você tenha que se passar por doido.
Se puder manter a sua sintonia, a sua endorfina, o seu sorriso e a sua alegria, melhor.
Alguns vão dizer que tenho sangue de barata. Mas acho melhor que ter o sangue talhado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Como é grande o meu amor por você"


Saí hoje da piscina com os olhos marejados de emoção, depois de alongar ao som de "Como é grande o meu amor por você".
Por um pequeno instante minha alma cantou este refrão, dirigido às pessoas mais especiais que vivem dentro de mim.
Por frações de segundo, foi como se este amor chegasse até elas e fosse devolvido a mim, maior ainda do que foi.
Amor. Essa pequena grande palavra que dá sentido a um porção de coisas. Que move o mundo. Que diminui distâncias. Que eterniza o tempo. Que emociona a gente.
Já reparou como às vezes o corre-corre do dia-a-dia, o engarrafamento, as contas a pagar, as duzentas ligações a fazer, a falta de tempo, a banalização da rotina e o cansaço acabam silenciando em você este refrão?
Já parou para pensar nas tantas vezes em que essa música sai gritada, rasgando o peito, esfolando a alma, quando uma pessoa especial da sua vida já não está mais aqui?
Muitas vezes o amor é lembrado na ausência, na falta, quando na verdade deveria preencher espaços importantes da sua vida, em vida.
Deixa viver o amor.
Como é grande este amor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Linha do tempo

Sempre gostei de fazer aniversário. Sempre vi com bom grado e alegria a mudança de idade. Alguns números, de tão especiais e marcantes, recebi como se fossem flores: os 7 anos (orgulho de aprender a ler e escrever), os 14 (primeiro namorado), os 17 (não sei explicar por que, mas havia um brilho diferente naquela data), os 22 (a felicidade do casamento), os 24 (vestibular para psicologia: "passeeeeeeeeeei!!!"), os 28 (a emoção do primeiro filho), os 32 ("é uma menina!!!"), o hoje, o amanhã, o depois...
Mas, como nem tudo são flores, comemorei os meus 25 com um certo estranhamento. As fotos mostram um olhar meio sem graça, habitado por uma tristeza que eu não soube explicar. Hoje talvez eu compreenda melhor: havia um ultrassom de mama para fazer dois dias depois do aniversário, por causa de um pequeno nódulo que graças a Deus não era nada. (Talvez seja isso, troquei a animação por preocupação...)
Mas acho que ainda posso formular uma pequena tese sobre os 25, em homenagem à minha querida sobrinha Carol (geminiana como eu), que vive hoje exatamente as agruras (ou será doçuras?) desta idade, e me pediu um post sobre o assunto.
Quem já passou pelos 25 não sei se vai concordar comigo, mas me soa como uma indefinida transição, o meio de um caminho um tanto quanto inquietante e angustiante: você já não tem mais 20 e ainda não chegou aos 30. Não é mais adolescente e tampouco senhora. Mas tem 25, um quarto de século, metade de 50, hora de trabalhar, encontrar o amor, se decidir sobre um tanto de coisas, inclusive se casa ou compra uma bicicleta. Ufa, quanta seriedade nestes 25!...
Sim, Carol, os 25 vão passar logo, daqui a pouco já serão 26, mais um pouco você será uma bela balzaquiana, irradiando luz do alto dos seus 30 anos.
Mas não se apresse, menina. Apesar dos espinhos, há beleza e perfume nos 25. Como dizem Roberto e Erasmo na linda canção entoada pelos Titãs, "É preciso saber viver".

sábado, 14 de novembro de 2009

Educação vegetal

Estava procurando inspiração para o blog, quando o Léo me apareceu com a seguinte pergunta:

- Mãe, porque a planta tá amarrada com essa cordinha?

- Pra ela crescer educada, Léo...

Não demorou muito, lá estava meu pequeno professor falando com a planta, ensinando pra ela o abecedário inteiro....

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A senhora do sorriso invertido

Céu azul, sol rachando, piscina cheia de gente feliz fazendo hidroginástica. Contrastando com o alto-astral, aquela senhora de cara fechada destoa da paisagem. Seus movimentos são duros e o "sorriso" fixamente invertido no rosto. Sua fama já é conhecida por reclamar de tudo e de todos, à mínima ação que a contrarie. (Mal-humorada e resmungona, é tudo que eu não quero ser "quando crescer", penso.)
Pulando igual pipoca, cantando "Quando um certo alguém cruzou o meu caminho...", cheia de endorfina pulsando nas veias, sou abordada pela distinta senhora, que aponta para o meu "jump" (minicama elástica) irritada:
- Isso atrapalha a gente!
- Mas eu estou aqui no meu cantinho, essa piscina é grande, igual coração de mãe!...
Incomodada com a minha resposta, a senhora de sorriso invertido se afasta visivelmente irritada.
Pego meu "espaguete", flutuo na água e deixo afundar o peso desse pequeno dissabor aquático.
Se a vida é feita de escolhas, prefiro aproveitar cada gota de sol, água, céu e música.
Mas fico pesarosa pela amarga senhora.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Massagem

Dos pés à cabeça.
No ego. Na alma. No coração.
Nos nódulos que insistem em doer.
No corpo que fala, grita, suspira, implora.
Óleo de canela, amêndoa, pimenta rosa.
Corpo em silêncio, clemente repouso,
venda nos olhos.
Adormece, anoitece,
espreguiça essa preguiça.
Relaxa.
Você merece.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cabo de guerra

Sim, não.
Fogo. Água.
Razão. Emoção.
Coma. Insônia.
Leve. Pesado.
Drama. Comédia.
Grito. Silêncio.
Falta. Sobra.
Guitarra. Piano.
Nascer. Morrer.
Rádio. TV.
Vê?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fome de afeto

Imagine uma chuva de hambúrgers. Jujuba. Cachorro quente. Sorvete. Frango, pizza, fettuccine. É isso o que você vê no filme "Tá chovendo hamburger".
Nada mais surreal (e delicioso) que gulodices despencando do céu. Mas a criativa animação vai além da barriga e chega fácil ao coração.
Mais uma vez, a auto-estima é abordada em um filme infantil. Um filho querendo ser amado pelo pai acaba criando um máquina maluca que faz chover comida. Claro, tinha que ser comida. Quer ícone de afeto melhor do que este? Comida nutre, dá prazer, tapa buraco, mata a fome.
Mas quando a fome é de amor, o estrago pode ser grande. Milhos verdes gigantes rolando por cima das casas e atropelando as pessoas. Coma alimentar. Obesidade mórbida. Vento de sal e pimenta.
Só mesmo um "eu te amo" do pai, dito em alto e bom som, para acabar com a confusão e curar a indigestão.
Simples assim.

sábado, 7 de novembro de 2009

Transmissão de Sentimento

Passado um dia inteiro do Léo na casa do amiguinho, liguei para saber como ele estava, corujar um pouco e dar boa noite - ele foi de mala e cuia para dormir lá.
Ao final da conversa, depois de "eu te amos", "Deus te abençoe" e "dorme bem", ele me solta essa:
- Mãe, você tá linda!...
- Ué, você não tá me vendo...
- Eu te vejo na minha mente, mãe...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Gostinho refinado

O Léo recebeu com alegria um convite do Rafa para passar o sábado na casa dele.
Quando o amiguinho perguntou o que ele gosta de comer, meu pequeno gourmet não titubeou: "bacalhau"! (...)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dicas

* Para um supermercado sossegado em família: coloque as crianças no carrinho e vá direto à prateleira dos chips. Comportamento nota 10.
* Para tirar esmalte vermelho: passe antes óleo secante.
* Comeu muito docinho no aniversário? Castanha do Pará leva a gordura embora.
* Terminar o banho com uma ducha de água fria faz bem pra pele, pro cabelo e manda o sono embora.
* Já inventaram diário de vinho: você adesiva o rótulo dessa bebida dionísica num livrinho e registra detalhes como sabor, cor, aroma e o momento em que ele foi brindado.
* Maçã argentina tem muito mais vitamina - ideal para crianças em fase de crescimento.
* Embalagem vazia de bombom Ferrero Rocher: excelente porta-brincos.
* Arroz de segunda água com um pouquinho de orégano: "pega-marido".
* Uma dica sua: muito bem-vinda.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Remédio

Dor de cabeça, neosaldina.
Dor de coração, namorado.
Dor de separação, chocolate.
Dor de trabalho, férias.
Dor de crescimento, fermento.
Dor de mau humor, sexo.
Dor que paralisa, terapia.
Dor de solidão, companhia.
Dor de estômago, cappuccino.
Dor de ouvido, silêncio.
Dor de tomada, calmante.
Dor de vida, antidepressivo.
Dor de amor, amor.