terça-feira, 28 de junho de 2011

Paris

Coloquei minha echarpe, 5 gotas de perfume,
peguei meu namorado e fui dar uma voltinha em Paris.
Montmartre, San Michel, Rio Sena, Marrais...
Suspiros, poemas, fascínio, alegria. Enchanté.
Nessa voltinha, aproveitei pra matar saudade
do meu querido sobrinho Pedro,
que foi dar uma voltinha por lá
e acabou ficando, ficando...
(Volta, Pedro, se não sua mãe endoida.)
E dá-lhe Rodin, Camille Claudel, sinos de Notre Dame.
Dá-lhe amor, cidade-luz, Torre Eiffel que brilha os olhos.
“Meia-noite em Paris”, de Woody Allen,
é um filme para ser visto com vinho e pipoca.
Como se não bastasse a delícia da paisagem,
você vai se inebriar pelo enredo - e voltar no tempo
para um grande encontro com Scott Fitzgerald,
Ernest Hemingway, Pablo Picasso. (Vai um autógrafo?)
Eu ainda colocaria mais lenha nessa fogueira
(ou mais vinho nessa taça) e chamaria Chopin, Da Vinci,
Freud, Platão, Nietzsche, Bach e Beethoven
para um sarau, por maior que seja a disparidade
e o desencontro de datas.
(Ainda bem que Woody Allen não lê o blog.)
De resto, fica a sensação boa
de poder voltar no tempo e esbarrar
com gente tão cheia de talento
e ao mesmo tempo tão cheia de luz, amor, carne e osso.
[E você? Se pudesse voltar no tempo,
pra onde iria? Quantos anos voltaria?
Confessa, vai: quem você gostaria de encontrar
pra bater um blá? Ou um "bleau", lá em Paris?]

terça-feira, 21 de junho de 2011

Forte

Deu sede.
Sede de beber a alegria da vida.
Acendeu a luz.
Deu medo.
Medo de perder o controle,
Encontrar o céu,
Esquecer o rumo de casa.
Abriu a janela.
Deu frio. Arrepio.
Deu a louca nela.
Bebeu uma taça de vinho,
Abraçou o espelho,
Pôs um samba pra tocar.
Rugiu por dentro,
Amou por fora,
Reaprendeu a acreditar.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Frágil

Sozinha estava, sozinha ficou.
Frio. Alergia. Alegria nenhuma.
Fez do sofá seu refúgio, seu ponto de fuga.
Chorou sua dor, sua fome de amor.
Subiu pelas paredes, rascunhou desejos.
Sozinha. Nua. Sem rua.
Perdida nos seus medos, perigos, devaneios.
Perdida no filho que se perdeu.
Cansada de sonhar alto. Cansada de sofrer demais.
Enroscou-se como uma gata no cio.
Fechou os olhos para não enxergar seus espaços vazios.
Derramou hormônios na escuridão.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deus de carne e osso

Ontem o Léo chegou da aula todo entusiasmado.
- Mãe, hoje eu apresentei um teatro!
- É mesmo, Léo? Que bacana, me conta!
- Eu era Deus.
- Deus?! E o que você fazia?
- Eu não aparecia. Ficava debaixo de um lençol, lendo a minha fala.
Pensei um pouco e já fui filosofando:
- Às vezes é bom brincar de Deus, né, filho?
- É sim, mãe. Deus tem folga!
(...)
Depois do riso, continuo filosofando, conversando com o Léo sem dizer palavra, pelas vias do pensamento e do coração:
Ah, meu filho. Um dia você vai ver - não agora, Deus queira - que a última coisa que Deus pode fazer é tirar folga. Tanta gente dorme e acorda falando com ele, pedindo, chorando, implorando muitas vezes por um milagre.
Que Deus tenha uma poltrona bem confortável e uma bacia de água quentinha para descansar os pés de suas tantas andanças em busca de amor e paz. Mas que não perca nunca esse dom de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, olhando por nós e escutando as nossas preces, transformando escuta em luz e labuta. Trabalho é o que não falta.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Grandes encontros

Há encontros que podem mudar a nossa vida.
Não estou nem falando daqueles graaaaaandes encontros que acabam levando ao altar, ou a uma super carreira no Japão ou, quem sabe, um convite irresistível para dançar balé na Rússia.
Estou falando dos encontros simples, singelos, banais, alguns marcados há muito tempo, outros improvisados de véspera. Pode ser numa praça, num boteco, num café. Pode ser regado a vinho, com entrada de pão caseiro molhado no azeite e uma massa bem quentinha enfeitada com manjericão da horta. Pode ser numa salinha gostosa, com um cappuccino bem cremoso e almofadas coloridas.
O lugar não é o mais importante. Mas se você encontra alguém que te olhe nos olhos, que te escute e aceite você exatamente do jeito que você é - seu lado sol e seu lado sombra, seu lado normal e seu lado meio maluco, então aquele encontro pode entrar pra história. (Pra sua história.) Principalmente se você sai desse encontro melhor do que entrou. Principalmente se, no meio do choro e da aflição, você consegue morrer de rir de você mesmo. Mesmo que escute umas boas verdades e faça disso um grande aprendizado.
Desses encontros saem palavras, pensamentos, ideias e por vezes puxões de orelha que não doem nadinha, mas curam o que estava machucado. Curam de maneira simples, sem prescrições médicas ou bulas de remédio assustadoras. Curam pelo simples fato de carregar amor nesses olhos que olham, neste coração que escuta, nestas palavras que falam como se tocassem música.