quarta-feira, 28 de março de 2012

Verbete universal

Amor que vem do berço. Amor que vai pro berço.
Amor por você mesmo. Ninho de amor.
Amor que se faz. Amor que se desfaz.
Amor que não se compra. Amor que não se encontra.
Amor à distância. Amor que ronda.
Amor à primeira, segunda, terceira vista.
Amor de verão. Amor de estação.
Amor de infância.
Amor que não envelhece com o tempo.
Amor de mentira. Amor de verdade.
Amor que passa. Amor que fica.
Amor que escreve, colore, rabisca.
Amor genuíno. Estranho amor.
Amor doente. Amor semente.
Amor encantado. Amor re-significado.
Amor que acolhe. Amor que encolhe.
Amor perdido. Amor vazio.
Amor não correspondido. Amor sadio.
Amor de outrora. Amor que falta.
Amor sem demora.
Amor despedaçado.
Amor em pedaços.

sábado, 24 de março de 2012

Tá pra nascer

Carrego páginas dentro de mim.
Pedaços de prosa, verso, não e sim.
Escrevo com lápis, dedos, açúcar.
Junto a acidez do abacaxi e a quentura do coco
Pra essa receita dar gosto.
O resto eu não conto, é segredo.
Imprimo minha alma a cada capítulo,
Me sirvo de mil pedaços.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Presente

Não, você não está sozinho.
Não é o único a colecionar traumas de infância,
espinhas de adolescente, medos de gente grande.
Se olhar pra trás vai enxergar um tanto de coisa.
Seus fantasmas, seus tesouros,
seu baú cheio de pó e cadeado.
Mas a vida pede cadência, meu amigo.
Pede que se olhe pra frente, cabeça erguida,
um passinho por favor.
O sol já nasceu e morreu um trilhão de vezes,
a água que passou naquele rio não passa mais,
só se faz 50 anos uma vez.
O que é que você está fazendo
com esse controle-remoto na mão?
Tentando controlar o quê?
O tempo, o espaço, a chuva, a vida do vizinho,
sua vida já tão escoada?
Dentro de você a imagem está congelada
mas lá fora o amanhecer leva só algumas horas
para anoitecer.
Passou, acabou, não existe mais. Puf.
Daqui pra frente, limpa a mente.
Pega o controle e dá um play na sua música preferida.
Refresca as ideias, dança na chuva,
areja a memória, dê boas lembranças ao passado.
O presente é seu e foi feito para ser desembrulhado
com leveza e alegria.
Avante.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Herança

Basta olhar pra trás e lembrar de onde veio.
Tá no sangue, tá na veia.
Pedaços infinitos de história, encontros,
ancestralidade inteira
abrindo caminho para você chegar.
Chegou, seja bem-vindo.
Chegou e já se vai.
Parte partido de tanto amar.
Paris, Cuba, Cuiabá.
Se a busca é por ser inteiro,
não foge a juntar os pedaços.
Trabalho de poeta, jardineiro, parteira, cozinheiro.
Páginas arrancadas, palavras orquestradas,
Mudas silenciando a fertilidade da dor.
E nasce um sonho, um menino,
um velho contador de histórias.
Não morre nunca o amor que já nasce com a gente.

domingo, 4 de março de 2012

Mergulho

A resposta pra tudo?
Amar.
Do jeito que se aprendeu a rimar
até mesmo o que não tem rima.
Sina, sino, sinto em mim a força
e a brandura que chega do mar.
Vento, areia, tempestade.
Brisa, asfalto, poema ensolarado.
Lua cheia, minguante, sereia.
Serei eu o único a desejar não parar jamais de amar?
Verbo intransitivo, dissílabo, oxítono.
Acentua o amor que dá sentido à vida.
Eu amo, tu amas, ele ama.
Amar em primeira, segunda e terceira pessoa,
singular e tão plural.
Conjugação de amor em mar aberto.
Tão imperfeito e certo.
Amar como se fosse oportunidade única.
Verdade única.
Último suspiro.
Único jeito de seguir em frente, rente, sempre.
Silêncio musicado pela essência que rege a alma.