terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eterna infância

Adoro chocolate.
Adoro jujuba. Bala chita. Caramelo.
Adoro canjica. Torta de limão. Arroz doce.
Adoro bala delícia.
Adoro bombom de nozes, uva, morango.
Adoro fondue de chocolate.
Adoro Chokito, Sonho de valsa, Diamante Negro.
Adoro bombom de cereja da Kopenhagen.
Adoro Lindt ao leite.
Adoro Tablito, pirulito que vira chicletes,
 chicletes com caldinho.
Adoro brigadeiro, chapéu de napoleão,
delícia de damasco.
Adoro amor em pedaços, bombinha de chocolate,
baba de moça.
Detesto pensar onde é que vai parar tudo isso.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mônica e Cebolinha

A Bella está "estudando" a Turma da Mônica na escola.
Agora deu pra sair correndo atrás do Léo girando a toalha de rosto como se fosse o Sansão:
- Cebolinhaaaaaaaa!...
É. Mas o meu Cebolinha está cada vez mais Cascão.
Quando eu chego na escola para buscá-lo, vermelho e esbaforido de tanto jogar futebol,  ele vai logo avisando:
- Não preciso tomar banho não, mãe. Não suei nadinha. (!...)

domingo, 24 de outubro de 2010

Nunca!

Pai e mãe vivem falando NÃO pros filhos.
Os filhos choram com força quando ganham NÃO,
mas no fundo no fundo vivem pedindo por essas três poderosas letrinhas.
(Limite é bom e eles gostam.)
Quando a criança aprende a falar NÃO, desembesta.
É NÃO praquela roupa, NÃO pro feijão,
NÃO pro remédio, NÃO pra desligar a televisão,
NÃO pro banho, NÃO pra acordar cedo e por aí vai.
Pois a Bella resolveu radicalizar.
Outro dia perguntei se ela queria melancia e ela não titubeou:
"- NUNCA, NUNCA, NUNCA!!!"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Anjos

Há 12 anos assisti ao filme Cidade dos Anjos, e essa semana repeti a dose na V Mostra de Cinema Comentado da Estácio. Quase desmanchei de tanto chorar.
À delícia do filme se juntou o brilhantismo do Prof. Júlio Pinto, doutor em semiótica, que foi buscar em Platão, Aristóteles, no amor e nos anjos uma linha de raciocínio permeada de emoção.
O enredo é bem interessante: um anjo (Nicolas Cage) se apaixona por uma mortal (Meg Ryan) e renuncia à eternidade, vira gente, só para ficar com ela. O final do filme é doído, surpreendente, e eu não vou contar aqui porque pode ser que você ainda não tenha visto. (Não perca.)
Mas isso eu conto: o filme é um convite pra você pensar no que anda fazendo da sua vida. No tanto que você anda sendo gente, anjo ou robô. No tanto que anda enchendo a cabeça de coisas ou no tanto que anda se permitindo sentir. Sem muita razão, teoria, blablablá, certo ou errado. Apenas sentir.
O Prof. Júlio falou com muita propriedade desses dois verbos. Pensar é especialidade dos anjos, que estão lá em cima assistindo a tudo aqui na terra. O sentir é inerente aos humanos, e foi isso que atraiu tanto o anjo vivido por Nicolas Cage: a paixão, a pele, os lindos olhos da Meg Ryan. O banho quente, a água do mar, a lareira acesa, o sangue vermelho, o beijo, o toque, a pêra que faltava na salada de frutas.
E aí a gente lembra o quanto a nossa vida é sensória. E o quanto é curta também. Por isso, você que é gente de carne e osso, páre e pense um pouquinho se o sentir não anda fazendo falta na sua vida. Até que ponto você não está sendo anjo demais, pensante demais, robô em demasia.
Se a gente não pensasse, não seria gente. Mas se a gente também não sente, vira anjo frustrado, despido de asas e do amor que nos move em tudo, pra lá da eternidade.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dono(a) do seu nariz

Tudo o que você queria era ser dono(a) do seu nariz. Ter seu canto, seu teto, juntar as escovas de dente, casar de véu e grinalda, morar sozinho(a) e tocar bateria até às duas da manhã. Só esqueceram de te contar que, junto com o nariz, vem a casa. Sim, meu(inha) caro(a), o pacote é completo.
E junto com a casa vem as louças pra lavar, roupa suja enchendo o cesto, supermercado pra fazer, poeira pra tirar, roupas molhadas no varal. E tem também o lixo pra reciclar, vidro pra limpar, bombeiro pra desentupir a pia.  Que bom que inventaram o bombeiro. Porque tem hora que pega fogo. Esturrica. Queima o filme da empregada quando ela resolve dar o bolo em plena segunda-feira.
Bom mesmo é abrir as janelas, ventilar a casa, sentir o cheiro de bolo de chocolate assando no final da tarde. Sua música preferida, suas plantas, seus vestidos perfumando o armário. Cama com edredon, velas acesas, livro de cabeceira, flores no vaso. Cheiro de casa, almofadas fofas, aconchego, útero de mãe. Nada como ser dono(a) de um nariz que respira tudo isso.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Choro de gente grande

Tá bom. Vou aproveitar esse restinho da semana das Crianças para acordar a criança que está bem aí, dentro de você, brincando de esconde-esconde.
A criança que quer chorar, mas não deve.
Que quer brincar, mas não tem tempo.
Que vê bichos nas nuvens.
Que pede colo.
Que faz careta pro brócolis.
Que morre de ciúmes do irmão.
Que não gosta de tomar banho.
Vai lá, faz birra. Pirraça. Sapateia no chão.
Pode não adiantar nada.
Você não vai ganhar aquela boneca.
Adeus caminhãozinho.
Quem sabe um castigo?
Umas boas palmadas.
Não, palmada nem pensar. Não pode.
Mas, no mínimo no mínimo, você vai lavar a alma.
Depois enxuga as lágrimas, bola pra frente,
ergue a cabeça, bota sua criança pra dormir.
Ufa!
Feliz Dia dessa Criança que já cresceu.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Soterrados

Estava indo dar aula ontem bem cedinho e, como de costume, ouvia a rádio Band News, que eu adoro.
Parada num sinal, me emocionei com o resgate do nono mineiro soterrado no Chile. Me emocionei com os aplausos, com os sessenta e nove dias debaixo da terra, com a alegria da família em rever um ente querido, vivo por um milagre.
Por um minuto eu também queria estar lá para aplaudir. Para ver a esperança transformada em vitória; para ver o escuro se transformar em luz; para ver a fé se transformar em coragem, e a coragem se transformar em força.
O sinal abriu e eu segui pensando nos outros tantos soterramentos sutis, simbólicos, que escurecem e aprisionam a vida, às vezes uma vida inteira: o CTI, a coma alcoólica, a agressão física, o abuso sexual, o abuso psíquico, o assédio moral. Sem falar nos outros tipos de escuridão, mais brandos mas nem por isso mais fáceis de se viver:  um casamento ruim, um filho rompido com pai, traição, falta de dinheiro, separação.
A esperança é que a luz um dia se acenda, clara como uma cápsula salva-vidas, Fênix renascendo das próprias cinzas.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Você não é de ferro

Pra você que acordou com as galinhas.
Trabalhou feito cão.
Teve um dia normal. Um dia difícil.
Um dia duro ou sem sal.
Pra você que fez bonito. Fez amor.
Fez arroz temperadinho.
Pra você que bateu ponto. Bateu o carro.
Quebrou a cabeça.
Pra você que chorou. Brigou. Amarelou.
Pra você que malhou o corpo e a mente.
 Largou mão da teimosia.
Sentiu sono. Cólica. Azia.
Pra você que assobiou e chupou cana.
Enfrentou o chefe. Ficou de castigo.
Ficou "p" da vida.
Pra você que é de carne e osso
e tem um coração batendo aí no peito:
toma um banho de estrela, faz um chá de hortelã,
pega seu livro de cabeceira.
Boa [bocejando] nooooite!...

domingo, 3 de outubro de 2010

Perdas e Ganhos

Semana passada participei do Programa Caleidoscópio, da TV Horizonte, quando conversamos sobre o tema "Perdas e Ganhos" (aliás, o nome de um livro belíssimo da Lya Luft).
Deixo aqui alguns trechos do programa (http://videolog.tv/video?582458)  e uma pequena reflexão para você:
* Perder dói, mas faz parte da vida.
* É preciso viver o luto.
* É preciso saber ganhar.
* Você pode até procurar receitas de bolo e fórmulas mágicas para enfrentar a dor, mas a resposta está dentro de você.
* É fazer do limão uma limonada. Bem docinha, com leite condensado e canudinho enfeitando o copo.