sexta-feira, 29 de julho de 2011

problemas e PROBLEMAS

"Cada um com o seu problema", diz um chavão conhecido. Cada um com a sua cruz, dizem os mais espiritualizados. Já a minha bisavó costumava dizer: "que esse seja o seu maior problema..."
Problema é o que não falta. É o que nos faz correr atrás, sofrer, aprender um bocado na vida. Problemas internos, externos, de todos os tipos.
Cada um tem o seu pra enfrentar, e isso já é o bastante. Subjetiva é a dor e angústia que cada um carrega no peito.
Tô falando tudo isso pra chegar no Chico e o filme que veio completar as comemorações do seu centenário e fechar com chave de ouro as minhas breves férias no friozinho lá do sítio.
"As mães de Chico Xavier" vieram pra confirmar a saúde dos meus canais lacrimais. Estão supimpas, graças a Deus.
Meus olhos se encantaram com o que viram - a simplicidade do enredo, da trama, da trilha se misturando a cenas tão cheias de emoção. A beleza reside mesmo na simplicidade.
Sei que cada problema é um problema e dor não se compara. Mas se você quiser ver o seu problema diminuir de tamanho por um instante - aproximadamente por duas horas - é só ligar o DVD e colocar "As mães de Chico" pra rodar.
Às mães (e também aos pais, claro) que já viveram o abismo de imensa dor que é perder um filho, meus mais profundos sentimentos e a esperança de que o Chico continue escrevendo cartas lá de cima.

domingo, 17 de julho de 2011

Resolvendo conflitos

Ontem fomos almoçar no Hokkaido.
Nem bem escolhemos a mesa, a Bella viu outras crianças brincando debaixo do piano e foi logo se enfiando lá embaixo também, saidinha que é.
Voltou desapontada:
- Manhê, aquele menino de blusa verde me chamou de chata.
- Ah, minha filha, ele é pequenininho, vai ver nem sabe o que é "chata".
Foi lá e voltou ainda mais desapontada:
- Mãe, ele me chamou de chata de novo.
- Vai lá e resolve... É conversando que a gente se entende.
Dessa vez voltou mais animada e me disse:
- Mãe, fui lá. Resolvi. Ele não vai me chamar mais de chata.
- E como é que você resolveu, Bebella?
- Ele foi embora.
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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tragicômico

Comecei a assistir "A Grande Família" e não resisti. Pronto. Peguei o netbook e aqui estou, com os dedos coçando, escrevendo sobre o episódio de hoje - "A mãe de Lineu Parte 2".
Não vi a parte 1, mas a 2 é um prato cheio para psicólogo. Trágico. Cômico. Mais trágico do que cômico.
Assim são os traumas de infância. Inesquecíveis, dolorosos, indeléveis.
Uma mãe abandona o filho e reaparece muitos anos depois, já velhinha, encontrando seu filho como gente grande, pai de família. Cheio de lembranças doídas, cheio de mágoa no peito, cheio de falta. Falta de colo, falta de ar, falta de mãe simplesmente.
E aí as piadinhas, os risos, o humor negro
que são típicos do programa vão dando lugar
à emoção de um filho que se reencontra com a mãe, tanto tempo depois.
Do lado de cá, o telespectador se emociona com o que vê em flashback: a separação dos pais do menino, os retratos rasgados, a rigidez militar do pai, o medo de dormir no escuro, o choro proibido, a paixão da mãe pela profissão de cantora, a polêmica questão da guarda judicial, o peso que é para um filho decidir com quem ficar.
Do lado de cá, a gente vê quanta confusão, quanto mal-entendido, quanto amor transbordando entre mãe e filho, a despeito da violência desse abandono.
Depois de tanto resgate, o programa termina com a alegria que lhe é peculiar. Com a constatação de que é possível recomeçar e reconstruir a história, a vida, apesar de tudo o que foi e significou o passado. (Passou.)
Olhando para a sua grande família,
Lineu enxerga no Lineuzinho que foi um dia
a alegria de viver um destino mais leve.
Constelação familiar pura na telinha da Globo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Término

O que dizer do amor que outrora foi, e já não é?
Presente frágil numa imensidão de ontem.
Página que o vento não deixa virar.
Música desafinada, coração necrosado,
sequestro do sol.
Quem é que inventou o verbo acabar?
Acabou, pretérito perfeito. Imperfeito eu diria.
E do verbo faz-se a dor.
Da dor o porta-retrato quebrado,
o choro enlutado, a falta de fome,
a sede de fala.
Da cicatriz a defesa, a casca, a lembrança,
a marca de uma história que não termina no fim.
Fecha a porta. Abre o dicionário.
Letra r, de recomeçar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Personalidade

Cinema ou teatro?
Tanto faz.
Praia ou montanha?
Tanto faz.
Japonês ou feijoada?
Tanto faz.
Gato ou cachorro?
Tanto faz.
Saia ou calça?
Tanto faz.
Tanto faz não é resposta.
Jogue fora o seu velho hábito
de ficar em cima do muro,
enxergando o mundo através do olhar do outro.
Atendendo aos desejos do outro.
Você não é gênio da lâmpada.
O outro não é você.
Você pensa, sente, quer ou não quer.
Desce do muro.
Veste a sua personalidade mais bonita.
Não tenha medo se mostrar.
Vá à luta. Encare a labuta.
Mostre a que veio.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fome de quê?

Adoro filmes infantis. Apesar de serem feitos para crianças, atingem em cheio os adultos, grandes crianças que são, tocadas por temas que lhes dizem muito respeito - auto-estima, amor próprio, felicidade, relação entre pais e filhos, etc.
Nem todos os filmes dá pra assistir. A vovó Clara passa na minha frente, pega os meninos e lá vão eles pro cinema, felizes da vida.
Kung Fu Panda foi assim. E como eu não quero perder o 2 por nada desse mundo (mas também não quero pegar o bonde andando), fiz um baldão de pipoca e assistimos ao filme, eu e o Léo. (A Bella, esbodegada da escola, já tinha virado Bela Adormecida faz tempo.)
Se é pra fazer uma reflexão, lá vai: comida.
Temos um urso panda, gordinho por natureza, que trabalhava com o pai (um pato!) fazendo macarrão. Urso engraçadinho, espirituoso, cheio de garra e empenho para conseguir o que quer: ser um grande lutador de Kung Fu.
No meio do filme, chateado pelos obstáculos que encontra no caminho, o mocinho do filme vai pra cozinha e se empanturra de biscoitos. Come, come, come até dizer chega. Até o seu mestre aparecer e testemunhar a sua gula. Ao que ele justifica tristemente:
- É... Quando eu fico chateado eu como.
Corta. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Quantos(as) ursinhos(a) panda você não conhece por aí?
Você mesmo(a), confessa que nunca abriu uma caixa de chocolate pra curar dor de cotovelo?
Espaços vazios. Abismos dentro da alma. Fome. Sede. Gula. Falta.
E aí vem o biscoito, a macarronada, o bombom, a pizza para prencher o que está oco. Para compensar a falta de alegria, amor, serenidade, afeto, equilíbrio. Pseudo-prazer que logo vira desprazer. Vira culpa, dor no estômago, quilos extra.
Chega de pipoca. Hora de escovar os dentes, dormir um sono bom e alimentar a alma de sonhos.
Boa noite, caro(a) leitor(a).

domingo, 3 de julho de 2011

Perolices do fim de semana

Parque Municipal, sábado de manhã, sol a pino.
Eu, Léo e Bella engrossando a fila da Roda Gigante, maior alegria.
Chega a nossa vez. Quando a barra de proteção faz "clec" e começamos a subir, o Léo me vem com essa:
- Eu não gosto de roda gigante.
Detesto quando pára lá em cima e fica balançando. (!...)
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Vovô Tito veio corujar os netos. Jogou playstation com o Léo e comeu guloseimas com a Bella. Na hora de ir embora, fomos levá-lo até o elevador. Suspirando, a baixinha olhou pra mim e disse:
- Ahhhhhhhh, eu adoro o seu pai!...
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O domingo nem acabou e o Léo, já pensando no próximo final de semana:
- Mãe, o Vitor pode vir aqui em casa no sábado?
Por favor, por favor, por favor, por favor!!!
- Ué, pode, Léo.
- Oba! Minha técnica deu certo.
- Que técnica, menino?!
- A técnica que o João me ensinou. Quando a gente quer muito uma coisa, é só pedir "por favor, por favor, por favor, por favor" assim. (!...)