quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Reze antes de dormir


Minha Bella aprendeu a rezar. Toda noite fecha os olhos, junta as mãozinhas e começa sua conversa com Deus:
- Papai do céu, protege a mamãe, o papai, o Léo, a Bella, a vovó, o vovô...
E por aí vai abraçando pelo pensamento seus afetos, percorrendo a família inteira (inclusive os três cachorros da Tia Tati), para depois dormir com os anjos.
Ontem seguiu o mesmo ritual, com a diferença de repetir o seu nome ao final.
O pai foi logo dizendo:
- Você já rezou pra você, Bella...
Ao que ela rapidamente retrucou:
- Foi pra minha boneca, papai!...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Contagem regressiva


Sabe o que eu mais gosto neste final de ano? A ideia de um novo ano. Página em branco, prontinha para ser escrita, cheirando a coisas boas. As palavras não são novas, eu sei. Esperança de recomeçar de um jeito diferente.  Alegria de desfrutar cada momento. Paz pra amaciar ainda mais o travesseiro. Saúde pra dar e vender. Amor, amor, amor, conjunto de todas as virtudes, pequena palavra de um enorme sentido na vida da gente.
Pode ser que você pule 12 ondas. Saboreie 12 uvas. Vista branco, azul ou prata. Passe pulando. Passe beijando. Passe dormindo ou acordado. Pode ser que faça 3 pedidos. Ou 5, 7, mil. Pode ser que apenas agradeça pelo ano que passou. Pode ser que peça um namorado. Quem sabe uma viagem ao redor do mundo. Seu nome na lista de aprovados da Federal. Um trabalho que te realize. Amigos de verdade. "Um marido pra chamar de seu". Um tanto de sonhos pra sonhar.
Pois do jeito que for, onde você estiver, viva um Feliz Ano Novo. Escrito com a letra mais bonita, inspirado em tudo o que é importante para a sua vida.
Acreditar, sonhar, merecer, estes são os verbos-chave.
Eu fico daqui, fazendo figa e contando as horas, torcendo por você.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feliz Natal


Paz, amor, alegria, esperança.
Se você quiser, estas podem ser apenas palavras gastas, batidas, levadas ao vento.
Podem ser apenas potes cheios de bolas coloridas como os da minha estante do consultório.
Podem ser estampas de camiseta. Letras de música. Propaganda de Natal. Palavras faladas da boca pra fora. Pro forma.
Mas se você quiser, estas palavras podem ganhar vida dentro de você.
Podem ser ditas em alto e bom som, traduzindo tudo aquilo que você quer, busca, sonha e acredita.
Experimente desejar paz, amor, alegria e esperança acreditando de verdade no que você está dizendo.
Vá além da fonética, do ritmo e da sonoridade de cada léxico. Vá fundo no significado.
Muito mais que dizer, você vai sentir. Muito mais que pedir, você vai receber.
Feliz Natal e um 2010 cheio de paz, amor, alegria e esperança  para você.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Virei vó

Depois de uma semana com a avó na Patagônia, volta pra casa um Léo cheio de vida, alegria, pinguins e leões marinhos espreguiçando na memória.
Casa em festa. Motos e helicópteros de lego no meio do caminho outra vez. Sensação boa de completude, plenitude, tudo no seu lugar. A não ser por um pequeno detalhe: cada vez que ele ia me perguntar ou contar alguma coisa, o que saía era "vovó", ao invés do bom e velho "manhê".

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

À mestra com carinho


Hoje fiquei com a alma cheia. Saí do consultório, passei na floricultura e fui torcer pela minha grande amiga e colega Maria Inês (a psicóloga que se mudou para Porto Velho, levando pedacinhos de mim com ela) na sua defesa de tese do mestrado da UFMG. Seu tema - luto - emocionou a banca e a platéia, tocada por constatar na morte fonte inexorável de vida.
Encantadora também a fala do Professor e Psicanalista Eduardo Gontijo (grato reencontro com este antigo amigo de minha mãe, que me conheceu quando eu tinha 5 anos e disse, pra minha alegria, se lembrar de mim): "o sofrimento de perder alguém é o sofrimento de perder a si mesmo".
Não foi uma banca de mestrado. Foi uma aula, um banho de cultura, uma ode de amor à profissão.
Parabéns, Maria Inês, mestra querida, professora desde sempre.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Álibi perfeito


Podem me chamar de manteiga derretida, mãe judia, o que for. Fato é que o Léo está curtindo as férias com a vovó Clara em plena Patagônia, alternando a farra entre baleias e pinguins, e quando tocou uma música bonita no carro me deu um ataque de saudade dele. No espelho retrovisor, vi uns olhos meio molhados, embargados de emoção.
Fato é também que ele é lembrado toda hora aqui em casa, especialmente pela irmã, que de quinze em quinze minutos pergunta:
- Cadê o Léo?
Mas hoje foi demais. A baixinha resolveu colorir a parede lá de casa, e quando eu perguntei:
- Quem foi que fez isso?
- Foi o Léo!...
Pode?!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pequeno aprendiz


Um dia desses o Léo chamou um coleguinha para passar o final de semana aqui em casa. Além de adorável, super bem educado, o menino é tipo geniozinho: começou a ler com 3 anos, fala obrigado em árabe, lê legenda de TV a cabo e por aí vai.
Quando passo pelo quarto, os dois estão lá brincando de lego num diálogo imperdível.
Pego já o meio da conversa, quando o colega fala alguma palavra que Léo não conhece e este logo pergunta:
- O que que é isso?
- Léo, seu vocabulário é muito ruim...
- O que que é vocabulário?
.........................................

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Erosão


Você pode não acreditar,
mas da erosão pode nascer flor.
Da dor pode nascer amor.
Do questionamento, resposta.
Da prece, conforto.
Do desencontro, sentido.
Do medo, coragem.
Do ombro, generosidade.
Da escuta, palavra.
Do fim, recomeço.
Do abismo, ponte.
Do encontro, abraço.
Da pedra, poesia.
Você pode acreditar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Como se o sol estivesse brilhando


"Muita chuva. Muita dor. E muita alegria por completar."
Este foi um trecho da mensagem que o Dé me mandou hoje no final da manhã, depois de completar os 18 km da Volta Internacional da Lagoa da Pampulha.
Tentei me colocar no lugar dele, e não consegui. Ou melhor, consegui: mas senti frio, sede, fome, dor,  cansaço, orgulho, amor e uma admiração ainda maior por ele.
Disciplina, perseverança e determinação são qualidades que aprecio, mas correr 18 km na chuva, no frio, levantando da cama às 6 numa manhã de domingo, ah, isso é pra poucos.
Não quero dizer que você tenha que virar maratonista e correr debaixo de chuva, provando para os seus músculos que você pode ir cada vez mais longe. Mas você pode criar metas, acelerar sonhos e descobrir a alegria, a endorfina indescritível da realização.
Já parou para pensar no que move você? No que te faz sair do lugar?
Aonde você quer chegar?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Traição


De todas as dores amorosas que escuto, uma chama atenção por sua forma pontiaguda e dilacerante: a dor de ser trocado(a), preterido, rejeitado(a), traído(a).
Onde se via amor, leia-se dor. Ferida na alma. Peito rasgado. Cabeça entupida de pensamentos moídos. Pura tortura.
O chão desaba. A casa cai. A vida fica sem sentido.
Pele, química, beijo, declarações de amor, juras de fidelidade: de repente tudo isso passa a não ser mais uma exclusividade de quem detinha (tinha?) o amor.
Como dividir? Como reagir? O que pensar? O que dizer? Como viver depois que a alma foi atropelada e estirada no chão?
Vivendo. Sobrevivendo. Juntando os cacos, hospitalizando a alma, cuidando do sofrimento para ele não virar eterno tormento. Descobrindo o seu auto-amor, buscando novos caminhos, abrindo janelas para o ar entrar.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A senhora do sorriso invertido ataca novamente.


Dessa vez a senhora do sorriso invertido implicou com uma criança de 6 anos que esbarrou  sem querer no seu "espaguete", na hora da hidroginástica.
Por acaso essa criança era meu filho. Depois de chamar a atenção dele, ela olhou pra mim e me fuzilou com os olhos, esperando pela minha reação. Devolvi-lhe um olhar 49, rugi por dentro como boa mãe leoa, contei até 5 e resolvi dar uma de doida. Espia só:
Senhora do sorriso invertido (brava): Ô, menino!
Troca de fuzilamento de olhares.
Eu (um poço de educação e ironia): Ei, a senhora tá boa?
Senhora do sorriso invertido (desconcertada): Ah... Tô...
Senhora do sorriso invertido (brava, sem perder o rebolado e a rabugice): Criança, viu?!
Eu: Criança é tão bom, né? Uma troca gostosa de energia!...
Senhora do sorriso invertido: Meu neto não faz isso não!
Eu:  Ah, a senhora tem neto?! Quantos anos ele tem?
Senhora do sorriso invertido: Treze.
Eu: Ah, mas então não é mais criança, já é adolescente... Ou seria aborrescente? A senhora deve ser doida  com ele, né? (...)

Moral da história: se puder, não entre na onda do outro, no nervosismo do outro, na rabugice do outro, no mal-humor e azedume do outro, mesmo que você tenha que se passar por doido.
Se puder manter a sua sintonia, a sua endorfina, o seu sorriso e a sua alegria, melhor.
Alguns vão dizer que tenho sangue de barata. Mas acho melhor que ter o sangue talhado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Como é grande o meu amor por você"


Saí hoje da piscina com os olhos marejados de emoção, depois de alongar ao som de "Como é grande o meu amor por você".
Por um pequeno instante minha alma cantou este refrão, dirigido às pessoas mais especiais que vivem dentro de mim.
Por frações de segundo, foi como se este amor chegasse até elas e fosse devolvido a mim, maior ainda do que foi.
Amor. Essa pequena grande palavra que dá sentido a um porção de coisas. Que move o mundo. Que diminui distâncias. Que eterniza o tempo. Que emociona a gente.
Já reparou como às vezes o corre-corre do dia-a-dia, o engarrafamento, as contas a pagar, as duzentas ligações a fazer, a falta de tempo, a banalização da rotina e o cansaço acabam silenciando em você este refrão?
Já parou para pensar nas tantas vezes em que essa música sai gritada, rasgando o peito, esfolando a alma, quando uma pessoa especial da sua vida já não está mais aqui?
Muitas vezes o amor é lembrado na ausência, na falta, quando na verdade deveria preencher espaços importantes da sua vida, em vida.
Deixa viver o amor.
Como é grande este amor.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Linha do tempo

Sempre gostei de fazer aniversário. Sempre vi com bom grado e alegria a mudança de idade. Alguns números, de tão especiais e marcantes, recebi como se fossem flores: os 7 anos (orgulho de aprender a ler e escrever), os 14 (primeiro namorado), os 17 (não sei explicar por que, mas havia um brilho diferente naquela data), os 22 (a felicidade do casamento), os 24 (vestibular para psicologia: "passeeeeeeeeeei!!!"), os 28 (a emoção do primeiro filho), os 32 ("é uma menina!!!"), o hoje, o amanhã, o depois...
Mas, como nem tudo são flores, comemorei os meus 25 com um certo estranhamento. As fotos mostram um olhar meio sem graça, habitado por uma tristeza que eu não soube explicar. Hoje talvez eu compreenda melhor: havia um ultrassom de mama para fazer dois dias depois do aniversário, por causa de um pequeno nódulo que graças a Deus não era nada. (Talvez seja isso, troquei a animação por preocupação...)
Mas acho que ainda posso formular uma pequena tese sobre os 25, em homenagem à minha querida sobrinha Carol (geminiana como eu), que vive hoje exatamente as agruras (ou será doçuras?) desta idade, e me pediu um post sobre o assunto.
Quem já passou pelos 25 não sei se vai concordar comigo, mas me soa como uma indefinida transição, o meio de um caminho um tanto quanto inquietante e angustiante: você já não tem mais 20 e ainda não chegou aos 30. Não é mais adolescente e tampouco senhora. Mas tem 25, um quarto de século, metade de 50, hora de trabalhar, encontrar o amor, se decidir sobre um tanto de coisas, inclusive se casa ou compra uma bicicleta. Ufa, quanta seriedade nestes 25!...
Sim, Carol, os 25 vão passar logo, daqui a pouco já serão 26, mais um pouco você será uma bela balzaquiana, irradiando luz do alto dos seus 30 anos.
Mas não se apresse, menina. Apesar dos espinhos, há beleza e perfume nos 25. Como dizem Roberto e Erasmo na linda canção entoada pelos Titãs, "É preciso saber viver".

sábado, 14 de novembro de 2009

Educação vegetal

Estava procurando inspiração para o blog, quando o Léo me apareceu com a seguinte pergunta:

- Mãe, porque a planta tá amarrada com essa cordinha?

- Pra ela crescer educada, Léo...

Não demorou muito, lá estava meu pequeno professor falando com a planta, ensinando pra ela o abecedário inteiro....

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A senhora do sorriso invertido

Céu azul, sol rachando, piscina cheia de gente feliz fazendo hidroginástica. Contrastando com o alto-astral, aquela senhora de cara fechada destoa da paisagem. Seus movimentos são duros e o "sorriso" fixamente invertido no rosto. Sua fama já é conhecida por reclamar de tudo e de todos, à mínima ação que a contrarie. (Mal-humorada e resmungona, é tudo que eu não quero ser "quando crescer", penso.)
Pulando igual pipoca, cantando "Quando um certo alguém cruzou o meu caminho...", cheia de endorfina pulsando nas veias, sou abordada pela distinta senhora, que aponta para o meu "jump" (minicama elástica) irritada:
- Isso atrapalha a gente!
- Mas eu estou aqui no meu cantinho, essa piscina é grande, igual coração de mãe!...
Incomodada com a minha resposta, a senhora de sorriso invertido se afasta visivelmente irritada.
Pego meu "espaguete", flutuo na água e deixo afundar o peso desse pequeno dissabor aquático.
Se a vida é feita de escolhas, prefiro aproveitar cada gota de sol, água, céu e música.
Mas fico pesarosa pela amarga senhora.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Massagem

Dos pés à cabeça.
No ego. Na alma. No coração.
Nos nódulos que insistem em doer.
No corpo que fala, grita, suspira, implora.
Óleo de canela, amêndoa, pimenta rosa.
Corpo em silêncio, clemente repouso,
venda nos olhos.
Adormece, anoitece,
espreguiça essa preguiça.
Relaxa.
Você merece.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cabo de guerra

Sim, não.
Fogo. Água.
Razão. Emoção.
Coma. Insônia.
Leve. Pesado.
Drama. Comédia.
Grito. Silêncio.
Falta. Sobra.
Guitarra. Piano.
Nascer. Morrer.
Rádio. TV.
Vê?

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fome de afeto

Imagine uma chuva de hambúrgers. Jujuba. Cachorro quente. Sorvete. Frango, pizza, fettuccine. É isso o que você vê no filme "Tá chovendo hamburger".
Nada mais surreal (e delicioso) que gulodices despencando do céu. Mas a criativa animação vai além da barriga e chega fácil ao coração.
Mais uma vez, a auto-estima é abordada em um filme infantil. Um filho querendo ser amado pelo pai acaba criando um máquina maluca que faz chover comida. Claro, tinha que ser comida. Quer ícone de afeto melhor do que este? Comida nutre, dá prazer, tapa buraco, mata a fome.
Mas quando a fome é de amor, o estrago pode ser grande. Milhos verdes gigantes rolando por cima das casas e atropelando as pessoas. Coma alimentar. Obesidade mórbida. Vento de sal e pimenta.
Só mesmo um "eu te amo" do pai, dito em alto e bom som, para acabar com a confusão e curar a indigestão.
Simples assim.

sábado, 7 de novembro de 2009

Transmissão de Sentimento

Passado um dia inteiro do Léo na casa do amiguinho, liguei para saber como ele estava, corujar um pouco e dar boa noite - ele foi de mala e cuia para dormir lá.
Ao final da conversa, depois de "eu te amos", "Deus te abençoe" e "dorme bem", ele me solta essa:
- Mãe, você tá linda!...
- Ué, você não tá me vendo...
- Eu te vejo na minha mente, mãe...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Gostinho refinado

O Léo recebeu com alegria um convite do Rafa para passar o sábado na casa dele.
Quando o amiguinho perguntou o que ele gosta de comer, meu pequeno gourmet não titubeou: "bacalhau"! (...)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dicas

* Para um supermercado sossegado em família: coloque as crianças no carrinho e vá direto à prateleira dos chips. Comportamento nota 10.
* Para tirar esmalte vermelho: passe antes óleo secante.
* Comeu muito docinho no aniversário? Castanha do Pará leva a gordura embora.
* Terminar o banho com uma ducha de água fria faz bem pra pele, pro cabelo e manda o sono embora.
* Já inventaram diário de vinho: você adesiva o rótulo dessa bebida dionísica num livrinho e registra detalhes como sabor, cor, aroma e o momento em que ele foi brindado.
* Maçã argentina tem muito mais vitamina - ideal para crianças em fase de crescimento.
* Embalagem vazia de bombom Ferrero Rocher: excelente porta-brincos.
* Arroz de segunda água com um pouquinho de orégano: "pega-marido".
* Uma dica sua: muito bem-vinda.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Remédio

Dor de cabeça, neosaldina.
Dor de coração, namorado.
Dor de separação, chocolate.
Dor de trabalho, férias.
Dor de crescimento, fermento.
Dor de mau humor, sexo.
Dor que paralisa, terapia.
Dor de solidão, companhia.
Dor de estômago, cappuccino.
Dor de ouvido, silêncio.
Dor de tomada, calmante.
Dor de vida, antidepressivo.
Dor de amor, amor.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Cuida da sua vida

Sem querer, sem perceber, com preocupação e a melhor das boas intenções, você começa a cuidar de questões que não são propriamente suas. Problemas da sua mãe, velhos hábitos do seu pai, decisões malucas do seu irmão, dores da sua tia, incoerências da melhor amiga.
Ok. Eles fazem parte da sua vida e merecem todo apoio e carinho.
Mas não insista em entrar dentro da sua mãe, do seu pai, do seu irmão e de todos aqueles que são importantes para você, achando que vai agir por eles, resolver por eles, caminhar por eles.
A vida é deles, não se esqueça disso.
Dar pequenos toques e puxões de orelha é muitas vezes necessário, e tira um peso enorme das costas. Mas tem um limite até onde você pode ir.
Então siga o seu caminho: em paz, com a alma leve, olhando com atenção para dentro de você e enxergando as suas questões, os seus problemas, seu amor, sua saúde, seu trabalho, sua vida. Isso já é um tanto enorme assim.
Sim?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pedofilia

Tive a alegria de saber que o meu aluno Tiago Moreira Araújo ganhou o primeiro lugar no Prêmio Central de Outdoor 2009, Categoria Estudantil.
A delicadeza do tema - pedofilia - reforça o valor desta conquista e enche de orgulho a professora, que viu o trabalho quando ele ainda estava saindo do forno, deixando no ar um cheirinho de talento e sensibilidade.
De forma simples e criativa, a peça transmite a emoção de um tema árido e doloroso, que deixa marcas para o resto da vida.
Parabéns, Tiago. Que esta seja apenas a primeira de outras grandes conquistas.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Liquidificador

Você já teve a sensação de que a sua cabeça é um grande liquidificador?
Pedaços de tarefas, ideias, pensamentos, problemas, vontades. Um mix diário de coisas pra fazer, pessoas pra ligar, e-mails pra responder. Chama o eletricista, marca o dentista, faz sacolão, cuida do coração, levanta cedo, deita tarde, corta o cabelo, corre-corre, bate ponto, paga conta, estuda pra prova, manda a empregada embora, ufa. E depois toma um suquinho de maracujá, maçã, laranja e mel. Dizem que é anti-stress.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Satisfeito?

Quem trabalha o dia inteiro sonha com meio horário.
Quem tem livre horário quer bater ponto.
Quem mora longe do emprego reclama até chegar.
Quem mora do lado precisa de novos ares.
Quem trabalha em casa quer trocar o pijama por camisa social.
Quem só anda de gravata quer é desapertar o nó.
Quem tem chefe quer ser chefe.
Quem é chefe quer mandar.
Quem é fixo quer aumento.
Quem é frila quer rotina.
Quem é desempregado quer ser chamado.
Quem parou na inércia quer realizar.
....................................................
E você? O que quer?

Sentimento

Nascer, crescer, morrer.
Viver, sofrer, sentir.
Fome, sede, frio.
Saudade, apego, dor.
Raiva, paixão, amor.
Tristeza, alegria, cumplicidade.
Medo, esperança, festança.
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O que você está sentindo agora?

Vivo, logo sinto.

Exame clínico periódico numa das faculdades em que o meu colega Lamounier dá aula.
Perguntinha básica da doutora:
"-Você sente alguma coisa?"
"-Claro. Eu tô vivo" (...).

Crescer dói

Há alguns dias o Léo vinha reclamando de dor nos pés.
Toda noite era a mesma história:
"-Mãe, faz massagem?..."
E lá ia eu, creminho na mão, carinho no peito, atender ao pedido do meu filho.
Cheguei a pensar que era charminho. Pedido de atenção. Puro deleite.
Mas, por via das dúvidas, fomos parar no Hospital Ortopédico.
Depois do exame clínico, o doutor foi taxativo: raio x.
Hipótese diagnóstica: osteocondrite (uma inflamação na cartilagem e nos ossos relacionada à dor do crescimento.) É, crescer dói, pensei.
Suspeita confirmada: não chegou nos ossos, mas era inflamação mesmo.
Duas semanas sem fazer atividade física. Gelo e anti-inflamatório de 6 em 6 horas.
Massagem com o dobro de atenção e carinho.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"Que esse seja o seu maior problema"

Tem dia que começa ligeiramente azedo.
Pra começar, horário de verão quando se tem que estar em sala de aula às 7:40 h da manhã.
Depois, uma sequência de pequenos dissabores domésticos: a farinha láctea da Bella acabou; a máquina de lavar enguiçou; a empregada atrasou.
Muito a contragosto, acabo atrasando também.
É. Às vezes não é fácil ser dona de casa. Às vezes dá vontade de voltar pra barriga da mamãe.
E aí é muito bom lembrar de uma frase que a minha avó vivia dizendo pra minha mãe, e eu acabei herdando: "Que esse seja o seu maior problema", minha filha.

domingo, 18 de outubro de 2009

Terapia

Chora.
Derrama seu pranto.
Desenrola esse novelo embolado,
bolorado de dor.
Quanta tristeza. Escuridão. Escravidão.
Quanta beleza no seu olhar.
Vê. Percebe as coisas como ela são.
Separa o joio do trigo. O céu do chão.
Separa-ção.
Aprende a conviver com o que você tem.
Aceita o que não tem.
Chora.
Tira da prisão esse luto abafado,
trancado, contido.
Manda embora o que não é seu.
Dá liberdade ao coração de se esvaziar
dos velhos entulhos, lixo.
Chora.
Lava a alma. Tira a poeira do peito.
Aqui você não precisa disfarçar o choro.
Aqui você tem escuta, espaço, estiagem.
Tem os meus olhos para desembaçar os seus.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sobrei

Agora uma da Bella, pra não dar ciúmes lá na frente...
Dormiu na casa da vó e eu, como boa mãe coruja, liguei pra dar boa noite:
- Ei, Bella!
- Papai!!!
- Ô, florzinha, é a mamãe, tô ligando pra dar boa noite!
- Papai!
- Tá bom, vou chamar o papai, mas manda um beijo pra mamãe...
- PAPAIIIIIIIIIIIIIII!!!!!!!!!!
..................................
É. Complexo de Édipo existe. Tá confirmado.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Lapso de memória

Mais uma do Léo pra guardar na memória e no coração:
-Mãe, ontem lá na escola a gente assistiu um filme super legal, de um indiozinho...
-É, filho? Que bacana!... Qual é o nome do filme?
-Ahhh, esqueci...
-Léo, você está muito novo para ficar esquecendo as coisas!...
-Acabei de esquecer o que você me falou agora, mãe!...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Leia nas entrelinhas

Véspera de feriado lá no sítio, friozinho gostoso de montanha. Com os meninos dormindo feito anjos, pude enfim assistir "O Leitor". Sei que "demorou", mas a vida com filhos nem sempre nos permite ir ao cinema assim que um filme entra em exibição. Tive que me contentar com o vídeo, não menos ansiosa por ver a Kate Winslet no papel que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz.
Premiada fui eu, até hoje impactada com a beleza dessa história. Uma história que vai muito além de temas como nazismo, Segunda Guerra, holocausto.
Com sensibilidade e emoção, "O Leitor" deixa registrado o quanto uma pessoa pode fazer diferença na vida de outra pessoa. O quanto existe mesmo uma coisa chamada lei do retorno. E o quanto a palavra ajuda tem poder.
Quando um filme é bom mesmo, a gente lê lições de vida nas entrelinhas, e ele acaba entrando dentro da gente.
Fui dormir com a alma leve, cheia, florida.
.............................................................................
E você? Compartilha desta leitura?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Alegria tamanho família

Algumas coisas que falei, ouvi, senti, aprendi e reaprendi em um delicioso final de semana no sítio, rodeada dessa coisa maravilhosa chamada família ("a graaaaaaaaaaaaaaande família"):
1- Tem um gostinho especial chupar jabuticaba no pé.
2- Sapo não só pula na lagoa, como também gruda na panela.
3- Você pode ser a melhor mãe do mundo. Só não pode perder o título de mulher da vida dele.
4- Caldinho de cenoura com laranja da Carol é o que há.
5- Mudanças podem soar como perdas. Mas algumas são extremamente necessárias.
6- Melhor que jiló na chapa, só a atenção e doçura do mestre-cuca.
7- Tem gente que faz uma falta danada. Deixa um buraco enorme na mesa.
8- Presentes escondidos dentro da geladeira e da churrasqueira. Caça ao Tesouro para um Dia das Crianças mais feliz.
9- A sauna esquenta com pequenos segredinhos.
11- Pastel de queijo, banana e bicho-de-luz. Faz bem pra vida.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conte até 20.

Quando a casa estiver de pernas pro ar.
Quando a vida virar pelo avesso.
Quando todos quiserem falar ao mesmo tempo.
Quando aquela eficiente operadora de telemarketing te acordar no sábado.
Quando o namorado fizer tromba.
Quando a namorada fizer doce.
Quando o marido deixar a toalha molhada na cama.
Quando a mulher uivar de TPM.
Quando as crianças derem um show de pirraça no shopping.
Quando você levar uma fechada no trânsito.
Quando a empregada der o bolo.
Quando a sogra der palpite.
Quando o chefe falar que vai comer seu fígado.
Quando tentarem furar fila.
Quando buzinarem no seu ouvido.
Quando alguém te falar pra contar até 20.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fome de criatividade.


Adoro cinema. Adoro chips. Amo uma boa ideia.
Não canso de incentivar meus alunos a queimar fosfato para colocar no papel o talento e a criatividade que já existem dentro deles.
Taí esse anúncio que não me deixa mentir. Inspirado no clássico "Beleza Americana", os alunos Rubens Quirino, André Gusmão e José Rogério Fontes fizeram bonito ao divulgar a "nova" batata da Elma Chips Sensações Fit sabor Rúcula e Tomate Seco, "sucesso de público e crítica".
Nota 10.



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dinheiro e felicidade

Tem gente que mora em mansão e vive em depressão.
Tem gente que faz um puxadinho e distribui alegria.
Tem gente que lota o cofrinho.
Tem gente que quebra ele em mil pedaços.
Tem gente que torra tudo em roupa, cerveja e buteco.
Tem gente que é sobrinho assumido do Tio Patinhas.
Tem gente que precisa ter, ter, ter e não sabe o que é ser.
Tem gente que vai pra Disney e reclama o dia todo.
Tem gente que namora vendo Supercine com pipoca.
Tem gente que sabe ganhar dinheiro.
Tem gente que só sabe perder.
E você?
Qual é a sua relação com o dinheiro?

domingo, 4 de outubro de 2009

Ai, que saudade do lobo mau...

Não conheço nenhuma criança que tenha sido traumatizada pelo lobo mau. Fez parte da minha história, hoje faz parte da história dos meus filhos e é com alegria que eu passo ela pra frente, cantando: "Quem tem medo do lobo mau? Lobo mau! Lobo mau!..."
Mas hoje saí no meio de uma peça de teatro, extremamente incomodada com o teor da mensagem que estava sendo transmitida. Como o nome da peça é "Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Guará", pensei que seria uma adaptação do conto original voltada para a questão ecológica. Ledo engano. Propaganda enganosa. Desagradável surpresa ao ver que pintaram um lobo dez vezes pior que o lobo mau: um lobo se dizendo ser o "espírito do mal", persuadindo o pobre do lobo guará a fazer maldades, desde com uma formiga até com a avó do Chapeuzinho Vermelho.
O que era para ser diversão virou frustração. Melhor dizendo, indignação.
Para minha filha e sobrinha, foi como colocar na boca um pirulito cheio de pimenta. Para mim, o desgosto de ver uma peça infantil sem o menor zelo quanto aos valores incutidos no texto. De dar medo.

Aventure-se

A princípio parece mais um filme da Disney feito para divertir as crianças.
"Up, Altas Aventuras" é mais do que isso. É feito para emocionar os adultos.
A cada tape cheio de colorido e leveza, um lembrete de que amor não envelhece com o tempo. Que os sonhos foram feitos para serem realizados. E que a infância dá um sentido todo especial à velhice.
Leve os filhos, os sobrinhos, a caixa de lenços e um balde de pipoca. Mas acima de tudo leve você, com seu espírito de aventura, a criança que você foi um dia e sua capacidade infinita de amar.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Procura-se

O amor da sua vida.
Uma babá quase perfeita.
Casa de vó.
Colo de mãe.
Amigo do peito.
Estagiário nota dez.
Apartamento com varanda.
Emprego merecedor.
Fórmula pro neném dormir a noite inteira.
........................................................................
Nem tudo a gente acha no google.
Mas dentro da cabeça tem de tudo um pouco.
[O que você anda sonhando em encontrar?]

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Conexão

Curso de psicanálise. O tema, Desenvolvimento Emocional Primitivo. (Em outras palavras, este fascínio que é a relação mãe-bebê desde sempre, esse amor que não se explica, que de tão grande chega a doer.)
Escuto a teoria, passeio por Freud, Melanie Klein, Winnicott e acabo voltando no tempo. Um pouquinho de cada gravidez, o amor crescendo dentro de mim, a delicadeza de amamentar, olhos nos olhos, encontro de almas.
Volto à cena da sala de aula e escuto a professora falar dos objetos transicionais - os famosos paninhos, travesseiros, chupetas - recursos que as crianças encontram para enfrentar a angústia da separação com a mãe. Mãe que também é mulher, filha, dona de casa, profissional, entre tantas outras importantes titulações.
Aí danou-se. Levanto a mão e pergunto para a professora:
"- E quando o objeto transicional é a mão da mãe?!"
...
"Conheço uma menininha" que não deixou por menos. Ficou sem o cordão umbilical, perdeu o seio materno mas não abriu mão de uma ligação ainda mais concreta e humana com a mãe.
Mãe, mão, no final tudo é conexão.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"All we need is love"

AMOR. Com todas as letras, nomes, endereços e sobrenomes. Amor de mãe, amor de pai, amor de irmão, amor de vô e vó. Amor tratado a pão-de-ló.
O amor que você recebeu. O amor que te faltou. Amor transbordante. Amor escasso. Descaso.
Amor em migalhas. Amor em conta-gotas. Amor caro. Amor raro.
Amor de bom dia. Amor que vira a noite. Amor de infância. Amor sem esperança.
Amor que brotou. Amor que morreu. Amor próprio.
"Love is all you need", não foi à toa que eles fizeram tanto sucesso.
Qualquer que seja a sua história, a sua busca, suas questões e andanças, essa é a música que eu escuto no seu olhar.

"Esse seu olhar"

Muitos são os olhares que vejo à minha frente.
Vejo dor, tristeza, angústia, medo, inquietude, saudade, decepção, incerteza.
Vejo também alegria, sonho, realização, serenidade, leveza.
Cada olhar uma história, um buraco, um pedido de socorro.
Cada olhar luz de lua, sol nascendo, chuva fina.
O olhar se coloca como espelho, retrato da alma, senha de acesso ao coração.
Mas de tudo que vejo e escuto, cada vez mais chego à conclusão de que o amor é a raiz de todas as coisas. De todas as faltas e todas as dores. Qualquer que seja esse amor.
E ele é tanto, que merece continuar no próximo post.
Leve o seu olhar até lá.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Filosofando

Penso, logo sinto.
Sinto, logo existo.
Existo a partir de mim.
A partir de você.
De um coração partido.
Da parte de um todo.
De um todo incompleto.
De um tempo que não acabou.
De uma esperança que nasceu.
De um sentimento que morreu.
De um olhar que diz tudo. E tanto.
De um vazio que grita.
De uma escuta que é ponte.
De um existir que é feito de sol.
E sombra.
E céu. E chão.
Pois não.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bem-vindo à vida

Quem é que nunca chorou em público?
Quem é que nunca voltou atrás?
Quem é que nunca ouviu sermão?
Quem é que nunca teve uma decepção?
Quem é que nunca quebrou a cara?
Quem é que nunca sentiu ciúmes?
Quem é que nunca disse nunca?
Quem é que nunca teve bicho de pé?
Quem é que nunca pôs o sapato errado?
Quem é que nunca fez manha?
Quem é que nunca quis voltar pra barriga da mãe?
Quem é que nunca pensou em viajar sem rumo?
Quem é que nunca pensou em não voltar?
Quem é que nunca se escondeu?
Quem é você?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Infância

Quantos anos você tem?
Pode ser 15. 20. 30. 90.
Estou chegando à conclusão que, quanto mais distante da sua infância, mais próximo você está.
Pode parecer um paradoxo, mas é a mais pura verdade.
Olhe pra trás. Feche os olhos. Volte no tempo.
Como toda criança, você adorava brincar, correr, preencher o tempo de coisas boas. Coisas coloridas.
Mas como a vida não é só cores, algumas cenas foram tingidas de preto e branco.
Provavelmente você chorou. Sofreu. Ouviu coisas que não precisava ouvir. Levou susto. Guardou tristeza. Engoliu raiva. Acumulou poeira.
E aí você cresceu. Ganhou idade, experiência, responsabilidade. Enfeitou o rosto de máscaras e passou a ensaiar as palavras.
Mas aquela criança de outrora não morreu. Está bem aí, dentro de você, nascendo de novo a cada dia, brilhando os olhos, fazendo birra, pedindo colo.
Você não teve infância. Você ainda tem.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ciúmes pra cachorro

Se tem uma coisa que vem com a maternidade é flexibilidade. Haja jogo de cintura para lidar com a casa bagunçada, o joelho ralado, a cama dividida, o ciúmes entre irmãos, o para-casa suado. A gente dança conforme a música, faz a maior ginástica, vira "mulher elástico" e vai dormir exausta, mas com o coração cheio de graça, agradecendo a Deus e todos os anjos.
Voltando à flexibilidade, eu, que nunca pensei em ter cachorro em casa, me peguei outro dia pensando na real possibilidade de presentear os meninos com um Yorkshire. Isso depois que o Léo inventou de cuidar de um ovo como se fosse seu filho. (É claro que o ovo quebrou e ele, não se dando por satisfeito, pegou uma mexerica, pintou olhos e boca de canetinha e encasquetou que queria levar o "filho" pra escola).
Quebrando todos os paradigmas e colocando por terra minha rigidez sobre o tema, falei do cachorro. Fizeram a maior festa, como era de se esperar.
Passado alguns minutos, a Bella fez alguma arte da qual não me lembro. Só não esqueço o pequeno diálogo que travei com o Léo:
- O que que a gente faz com a sua irmã, Léo?
- Ah... Dá um "putibull" pra ela e um cachorro bem bonzinho pra gente!...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O bom filho à casa volta

Sempre tive orgulho de dizer que sou "filha da PUC".
Foi lá que me formei em Publicidade e Propaganda, os olhos brilhando, as mãos coçando para começarem logo a escrever.
Depois de mais de dez anos, volto à faculdade, cheia de alegria, para ministrar um minicurso de Redação Publicitária.
Tanto tempo e tudo no mesmo lugar: a alegria do prédio 13, o cheirinho de pão de queijo da cantina, a simpatia da secretária Suzana, a energia da Professora Glória, a criatividade dos meninos pulsando na veia.
Tem lugares que marcam a nossa vida de um jeito especial.
Qual é o seu lugar?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você merece

Água na peneira.
Massagem no pé.
Aconchego de almofada.
Beijo roubado.
Colo de mãe.
Declaração de amor.
Chocolate da Kopenhagen.
Sessão de cinema.
Sais de banho.
................................ (Complete.)
Complete-se.
Você merece.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dia arranhado

Tem dia que toca arranhado.
Você sai atrasado. Bate o joelho na quina da mesa. Fica preso no engarrafamento. Perde a paciência. Ganha uma multa. Prende o dedo na porta. Descarrega o celular. Briga com o melhor amigo. Quem dera um banho de descarrego no mar.
Graças a Deus não aconteceu nenhuma tragédia. Não tem ninguém no hospital. Você está são e salvo. Tudo na mesma ordem e lugar.
Apenas um dia arranhado. Um dia que vira noite. Uma noite que amanhece.
Já ouviu essa toada?
Vê se levanta com o pé direito.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Na vida tudo se transforma

Sempre acreditei na transformação. Dor em amor, tristeza em alegria, fracasso em sucesso, decepção em esperança, inércia em movimento.
Vejo, no consultório, pequenas grandes transformações acontecendo o tempo todo, na minha frente. Mudanças de postura, pensamento, sentimento; mudanças na forma de enxergar o outro e a si mesmo.
Há algum tempo venho acompanhando, em casa, uma transformação que, de tão grande, tinha que virar post: meu marido, que durante anos vivia correndo pra empresa, pro aeroporto, pras reuniões sem fim, acabou correndo na meia maratona do Rio de Janeiro. 21 km na raça, no peito, num dos mais belos cartões postais do país.
Sim, eu estava lá pra ver. Pra testemunhar sua alegria, sua vitória, sua garra e emoção.
Eu, que brincava que "seu nome era trabalho, seu sobrenome hora extra e seu apelido plantão", agora brindo a força dessa transformação.
Se já era sua fã, agora vou montar um fã-clube.
Parabéns, meu amor, por essa vitória que é minha também.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ainda está em tempo

Corre, corre, corre.

Pula daqui, salta dali.

Esconde-esconde.

Escapole o tempo.

Abarrota as gavetas.

Esvazia o tempo.

Preenche o tempo?

Ou passa o tempo?

Passatempo.

Vive.

Intensamente.

Apaixonadamente.

Faz cada segundo ter sentido.
...
Faz sentido?

"Desconfie de todos"

Uma senhora tricota uma blusa de lã enquanto sua neta assiste à TV, saboreando um chocolate. A avó entrega a blusa para a menina, que agradece feliz e a veste na mesma hora.
O detalhe é que a blusa ainda estava com a parte da cabeça fechada, e a menina acabou ficando "entalada", sem visão, derrubando tudo que aparecia na sua frente.
Enquanto a neta se desorientava, a avó devorava os chocolates.
Ao final do comercial, o slogan: "Novo Bis sabor avelã. Desconfie de todos."

Chocólatra assumida que sou, não comprei a idéia. Um exagero danado a menina derrubar tudo daquele jeito. Surreal a velhinha enganar a própria neta. Pobreza de espírito apelarem para a desconfiança, palavra tão pesada e negativa.
O novo Bis pode até ser uma delícia. O problema é que, se obedecer o slogan, até do chocolate você desconfia.

"Boadrasta"

Uma graça minha vizinha de apenas 7 anos.
Ao encontrá-la no elevador, falei:
- Vai lá em casa depois, Bárbara, brincar com o Léo.
- Hoje eu não posso, vou sair com a minha "boadrasta".
(...)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

"Bom dia, tristeza!"

Você cresceu ouvindo que homem não chora. Disse que era um resfriado quando na verdade estava tentando disfarçar as lágrimas. Viu tudo cinza quando o sol estava brilhando.
É, você conhece bem esse negócio chamado tristeza.
Já quis não sair do quarto muitas vezes. Já deixou de comer. Comeu uma barra inteira de chocolate. Quis dormir para fugir. Quis acordar só daqui a cem anos.
Bem-vindo à vida, meu(minha) caro(a). Tristeza é antônimo de alegria. E de vez em quando aparece sem avisar, entra sem pedir licença, arromba a porta.
E aí o que você faz? Além de ficar triste pelos motivos que tem, fica triste pelo simples (ou complicado) fato de estar triste. E aí vira dupla melancolia. Você fica triste porque está triste.
Já parou para pensar que você pode, sim, ficar triste de vez em quando? Que pode ter motivos pra isso? Que faz parte da vida? Que a vida, inclusive, não é um mar de rosas nem propaganda de margarina?
Sábia era a minha bisavó que costumava dizer: "Bom dia, tristeza". O que quer dizer mais ou menos o seguinte: olhe para a sua tristeza. Não finja que ela não existe. Antes que ela arrombe a porta, atenda a campainha e diga-lhe para entrar. Sirva um cafezinho. E não se assuste se ela for logo embora, dar espaço pra alegria entrar.


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Freud explica


Ontem a famosa teoria do Complexo de Édipo saiu dos livros e anais de psicologia e foi parar na minha cama.
Aliás, muito antes de ontem. Com apenas um ano e nove meses, minha pequena Bella é apaixonada pelo pai. Óbvio. Mas ontem eu não acreditei no que esse pinguinho de gente fez. Eram quase onze horas da noite e a pituquinha estava na cama com o pai, assistindo ao jogo do Galo, gritando gol e tudo mais, quando a mãe foi trocar sua fralda e tentar finalmente fazê-la dormir. (Já passava da hora.)
Fui trocando a fralda com o quarto à meia luz, caixinha de música, e ela foi amolecendo. Não titubeei e a levei na direção da sua minicama, quando ela disse pra minha alegria: "Deita, mamãe!"
Ufa. Deitei junto dela, a cobri com carinho, ela segurando a minha mão, eu fazendo cafuné no seu fino cabelo de anjo. Quando EU já estava quase cochilando, a mocinha me sai da cama e vai se aboletar com o pai, na minha cama. Pode?
E foi assim, provando na prática que o Complexo de Édipo existe, que a minha filha me pôs pra dormir.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Aluna de novo

Depois de anos dando aula, me vejo - com a maior alegria do mundo - no lugar de aluna. Estojo novo, caderno de capa dura, motivação correndo nas veias, perguntas que não querem calar.
Ao me ver de tênis e calça jeans, pronta pra ir pra aula, encontro um Léo surpreso:

-"Onde você vai, mãe?"
-"Pra Federal, filho. Estudar, igualzinho a você."
-"Você virou Polícia Federal?!" (...)

Não, filho. Virei uma estudante de mestrado, igual gente grande, tendo que ler textos em inglês e francês, tirando xerox, botando fé, aprofundando nos temas mais instigantes, abraçando o conhecimento, rebolando pra dar conta do recado. E feliz da vida lá vou eu, ser aluna de novo.