terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Merda"!

Calma. Já já você vai entender o título do post. E ele tem a ver com a minha grande amiga Cris, irmã de alma, fada-madrinha, ponto de luz na minha vida.
Estudamos juntas desde os 10 anos de idade, fomos vizinhas de janela, confidentes de plantão, companheiras de viagem. Hoje somos comadres, mães de família, cúmplices da mesma jornada.
Pois quando ainda era um pingo de gente a Cris resolveu mostrar seu talento ao mundo, e virou atriz. Foi Wendy no Peter Pan, arrasou no "Eu te amo ditadura", mostrou a que veio no recente "Desventuras de um descasado". É assim que orgulhosamente a chamamos: "Cris, a atriz."
No dia da estréia do Peter Pan, em plena aula de matemática, a danada me tira um pacote de bala chita da bolsa e começa a mastigar, uma atrás da outra. Disse que era pra aliviar a ansiedade. Dá-lhe bala chita. Desejei-lhe boa sorte. Ela me corrigiu: "Merda, Rê. É assim que a gente deseja boa sorte no teatro."
Pois hoje, inspirada na Cris e na felicidade que é ter bons amigos na vida, desejo toda a sorte do mundo para você que vai fazer vestibular; participar da entrevista de emprego; subir no palco; mudar de país; encontrar aquele moço bonito; defender a tese de mestrado; fechar um contrato milionário;  fazer exame de rua pela pela sétima vez;
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"Merda"!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pro mundo girar mais leve.

Acho que já falei aqui do trabalho que faço (que tenho a alegria de fazer) com o Grupo de Terceira Idade Bem Viver, do Olympico Clube. Uma vez por mês me encontro com as minhas "meninas" e conversamos sobre os diversos temas da vida - alegria, tristeza, perdas, mudanças, etc.
Atualmente estamos "estudando" o best seller "Presente do Mar", de Anne Morrow Lindbergh. O livro fala de uma mulher (a própria Anne) que fica um tempo na praia, sozinha, descobrindo na conchas uma bonita analogia com a própria vida.
Esta semana conversamos sobre o capítulo Solitude, da Concha-Lua. Três pontos ficaram marcados no nosso doce encontro:
1) Ficar sozinho com você mesmo(a) (especialmente se você for uma mulher) é presente dos mais preciosos; um momento raro que você precisa aprender a desfrutar.
2) A mulher sabe doar como nunca. O paradoxo é que ela doa, doa, doa e muitas vezes se ressente disso. O exemplo mais lindo de doação feminina é a mãe amamentando o filho. Quanto mais ela dá o peito, mais leite a criança tem. Mas é preciso arroz e feijão pra dar conta do rojão.
 3)  Sua vida pode ser uma grande roda gigante. Cada carrinho uma pessoa especial: parceiro(a), filhos, familiares, amigos. Mas você é o eixo que roda sereno e inteiro, compartilhando com cada um deles a beleza do céu, do chão e do mar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Loucura

Aí um dia você acorda e descobre que não é nada daquilo que você quer. A cama, o bom dia, o dia. As escolhas, os sabores, o cartão de ponto. Aquela mulher, aquele patrão, aquela sua velha mania de procurar explicação em tudo. 
E aí você arruma a mala, pega a bússola, monta na bicicleta e sai por aí, sem rumo nem prumo, sem fome ou hora de chegar.
Joga os remédios fora. Não lê o horóscopo. Rabisca um bilhete na geladeira.
Uns dizem que você é radical. Outros te chamam de louco. Mais um pouco inventam uma patologia que te enquadre nessa sua decisão impulsiva (ou há muito tempo pensada, quem sabe) de jogar tudo pro alto e ir vender sanduíche na praia. Ou armar barracas na lua. Ou assumir que é perua. Ou casar com um japonês. Pintar quadros como Picasso, talvez. Ou sair correndo daqui, deste blog que hoje amanheceu doidinho.

sábado, 18 de setembro de 2010

Jardim Zen

Planto ideias dentro de mim.
O sol nasce todo dia,
A chuva molha a terra,
Floresce jasmim.

Enterrar semente,
Brotar espera,
Pegar na enxada,
Emoção de primavera.

Água.
Vento.
Terra.
Tempo.

Me encontro nas raízes.
Busco o descanso da sombra. 
Cultivo sonhos.
Leio poesia nas mãos do jardineiro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mal-humor

Limão capeta.
Sorriso morto.
Ovo virado.
Osso.
Birra.
Tromba.
Fome.
Nuvem negra.
Cão chupando manga.

O mal-humor contamina.
Emburrece.
Petrifica.
Tira todo o sabor.
Xô.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Medo de amar

"O medo de amar é não arriscar..."
Foi com essa música do Beto Guedes na cabeça que conversei quarta-feira com uma repórter do MGTV (http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1333294-7823-PSICOLOGA+DA+CONSELHOS+PARA+QUEM+TEM+MEDO+DE+AMAR,00.html).
O tema da matéria - Medo de Amar - rendeu uma boa horinha de papo e reflexão, e confirmou algumas coisinhas importantes:
1) Amor rima com dor. (Por mais paradoxal que isso possa parecer.)
2) Tenho ouvido com frequência a palavra medo. Medo de errar, medo de acertar, medo também de amar. Logo amar, que é uma coisa tão boa. Sim, mas não é um mar de rosas, você já deve saber. Tem espinhos que ferem, machucam, deixam marcas. O medo de amar muitas vezes diz respeito ao passado - ao trauma de ter sido rejeitado(a), traído(a), trocado(a).
3) O medo de amar também sinaliza uma dificuldade de se entregar. Se essa entrega não é correspondida, dói. Dói muito.
4) Zerar as expectativas não tem jeito. Mas dá pra diminuir a dose e ficar mais pé no chão. Quanto maior a expectativa, maior o tombo.
5) Existe frio na barriga, medo, medo medonho. Quando chega nesse nível, a luz vermelha acende. Sinal de alerta, hora de olhar pra dentro e expurgar os fantasmas que ocupam tanto espaço dentro de você.
6) A vida é curta. Encontre a chave da prisão e vai amar. Como diziam os Beatles e a minha afilhada Deborah não cansa de repetir (outro dia vi isso escrito em letras garrafais no quadro negro lá do sítio), "all we need is love".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

De vó em vó

Minha vó morreu quando eu tinha quatro anos. Cresci sem entender a ausência daquela que enchia a minha vida de luz, presença e rima.
Para a idade que tinha, me lembro de muita coisa: do chinelo azul cinco números maior, com que eu desfilava pela casa inteira; do quintal florido de hibiscos; das sextas-feiras em que ia dormir lá e ela deixava o meu avô para adormecer comigo - ela na cama e eu na bicama. (Até que um dia acordei e a cama estava vazia - ela havia ido ao médico para tratar do câncer e eu, como que num pressentimento ruim, tive uma crise de choro que ninguém soube explicar.)
Não me esqueço das vezes em que a vovó Bella vinha me buscar no seu fusquinha azul e me levava para passear no velho e bom Mercado Distrital. Sentada no carrinho de compras, os pés balançando, me sentia na Disney quando ganhava o já tradicional pirulito alaranjado, feito de puro açúcar. Também me lembro com nostalgia do bombom Alpino, que lambia até derreter.
Dizem que dela herdei muitas coisas - o sorriso, o olhar, a paixão pelo piano, a compostura. Mas a mais preciosa herança de todas foi a filha dela, minha mãe, que neste exato momento encontra-se com o meu filho em plenas Serras Gaúchas, comendo fondue de chocolate e fazendo a maior farra num friozinho de sete graus.
Apaixonada que é por viajar, vovó Clara já levou o Léo pra Diamantina, Patagônia, Serra do Caraça e agora Gramado, tchê!.. Apenas os dois, companheirinhos de quarto, céu e estrada, numa sintonia que só pode ser de outras vidas.
E quando a mãe aqui liga pra matar saudade, ele é prático e objetivo, não tem tempo a perder:
- Oi, mãe, um beijo, tchau!
Se eu, que já rodei o Mercado Distrital e não troco essa experiência por nada deste mundo, imagina o Léo, perito que está ficando no assunto. (Ai dele se esquecer meu chocolate.)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Papo-cabeça

Léo na hora do almoço:
- Mãe, tenho que fazer uma pesquisa sobre profissão.
- Que que é "pofissão", mãe? -  Bella entrando na conversa.
- Profissão é o meu trabalho, filha.
- "Pofessora"?
- Isso mesmo! E psicóloga também.
- Que que é "cóloga", mãe?
- É alguém que ajuda as pessoas, escuta seus problemas...
- Que que é problema?
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Ah, minha filha, nem queira saber.
Vai brincar, vai.
Vai viver sua alegria encantadora, seus ursos de pelúcia, sua dança e sua rima.
Vai viver sua meninice, seus contos de fada e histórias de Três Porquinhos.
Por enquanto seu choro é de sono, colo, leite quentinho.
E eu nem preciso ser adivinha para saber o que o(a) caro(a) leitor(a) está pensando:
"Eu era feliz e não sabia..."