quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pêsames

O sol que me desculpe,
mas não tinha o direito de se levantar cedo,
como que de costume.
Não tinha que se levantar.
Falo do escuro que se faz quando a vida se vai.
Penumbra, negritude, completa escuridão.
Nem pó de estrela, nem vela ou lanterna
pra iluminar o dia que acordou no luto. No susto.
Alguém morreu e paradoxalmente a vida segue lá fora.
Ônibus circulam, carros soltam fumaça,
pulmões choram a falta de ar.
Falta. Ausência. Salta essa parte ruim da história.
Sai fornada de pão na padaria.
Gente apressada atravessa a rua.
Gente atordoada atravessa a dor.
A vida continua nas esquinas, varandas, cirandas.
Por que tanto movimento
se está tudo parado aqui dentro?
O bebê chora, o telefone toca, o carteiro manda notícias.
A vida pára e anda no cortejo.
Pranto de chuva, despedida que não foi pedida,
tristeza absoluta em sol menor.

8 comentários:

  1. Rê, para as pessoas que vivem o luto as suas palavras, certamente, são um grande consolo.
    Quanta sabedoria!
    Lucia

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  2. Se estas pessoas se identificarem com o texto, Lucia, já não se sentiram tão sozinhas.
    Beijos carinhosos!

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  3. É como um casamento desfeito no atropelo da vida, querida Rê Feldman. Ê menina que escreve bem, gente.
    Bê ijo deste muito amigo

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  4. Atropelamento dói muito, Bê.
    Quanto a escrever bem, estou indo na sua toada. Dia 17 de abril tem lançamento de livro, você já está convidado, meu amigo!
    Bjs

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    1. Delícia! O que precisar conte comigo! Me lembre antes pra que possa indicar no meu blog e no facebook (1500 pessoas sempre ajudam!) O meu segundo tá na esteira. Também pronto, está com a turma do design leiautando... ;)
      E vamo que vamo!!! Bê ijo carinhoso em toda família!

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    2. Agradeço demais, Bê!
      E conta comigo também! Já estou com o pezinho fincado na fila dos autógrafos!
      Abração!

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  5. olá Renata, hoje quando acessei seu blog e vi esta mensagem postada, disse: é assim que estou, meu noivado está por um fio, podemos dizer que está na UTI, dia 11/02/12 saberei se voltaremos ou não. Dor imensa de amor, se acabar, eu pedirei ao tempo que cicatrize a ferida. Seis anos...

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  6. Sinto muito pela sua dor, "Anônimo"... O amor também morre, e às vezes renasce com mais força, apesar de todas as feridas que deixou. Que bom que existe o tempo para cicatrizar tudo.
    Muita luz para você!...
    Obrigada pela visita, volte sempre.

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