quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Dia do Perdão

Quebro meu jejum de quase trinta dias
ao fim do Yom Kipur.
Jejum de palavras, rimas, versos, vírgulas.
Quase morro de inanição.
Sinagoga cheia (nunca vi tão cheia) no Dia do Perdão.
Cheia de raízes, netos, filhos.
Cheia de Deus, de mim, começo e sim.
Lindeza de gente reunida pelo perdão.
Pelas perdas que vieram antes dele.
Pelo coração deficitário de amor,
urgente de paz, infartado de dor.
E aí vem a reza, o canto, as velas acesas pelas crianças.
Vem a esperança de regar o que se deixou
erodir, esvaziar, ruir.
Vem a árvore da vida ligando o céu à terra,
num instante abençoado de luz.
Vem da alma a capacidade genuína de amar
mesmo aquilo que um dia foi erro,
tropeço, queda, distância.
Vem o jejum para lembrar o que falta.
Vem o perdão como banquete de amor.

4 comentários:

  1. Uma das maiores bênçaos da vida é o perdão! Maior que o perdão é desintegra-se do plano da vaidade para saber entendê-lo melhor.Que suavidade o texto!muitos perdões, luzes e simplicidade em sua vida,merecidos pelo lindo texto.Ana.

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  2. Vc não imagina a falta que os seus textos fazem, Renata! Mas, o Yom Kipur é uma causa nobre... vc está perdoada! Rs
    Beijos

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  3. Bênção mesmo, Ana.
    Obrigada pelo carinho, volte sempre!

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  4. Também sinto muita falta, Ana. É como se estivesse faltando um pedaço de mim.
    Como é bom matar saudade!
    Como é bom te ver!
    Abraço carinhoso!

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