sexta-feira, 14 de março de 2014

Namoro de longa data


Pegou o primeiro voo, cruzou o oceano, aterrissou cidadã do mundo.
Na bagagem, nada muito além do básico: luvas, algumas mudas, camisola, cachecol, perfume, saudade, bombom de licor, livro de cabeceira.
Do aeroporto à estação de trem, 20 minutos. Da estação ao destino tão esperado, trem-bala, que é pra chegar mais rápido.
Coração acelerado, cabeça a mil por hora, imaginação fértil delimitando cada cena. Divinamente encenada a sua temporada de música, vinho, poema e outono em Salzburg. Última parada, Estação dos Alpes, tocata de Mozart, taquicardia. Ardia de emoção, sorria por dentro, derramava alegria.
Olhando pela janela, procurava ansiosa. Encontro marcado há tempos, melhor abraço do mundo, acontecimento importante.
Ela, pianista. Ele, violoncelista.
Ela, silêncio. Ele, palavra.
Ela, mergulho. Ele, asa-delta.
Ela, carta. Ele, selo.
Ela, vertigem. Ele, conselho.
Ela, varanda. Ele, rede.
Ela, sina. Ele, sinfonia.
Ela, namorada. Ele, namorado.
Tão diferentes. Tão iguais.
Tão juntos. Tão duo. Tão sempre.
Passado, futuro, presente.
Casados há mais de 20 anos.

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